DEU NO JORNAL DA CIDADE DE PINDAMONHANGABA/SP
E o Trem Bala segue sua viagem, lenta, tortuosa e sem destino certo...
Já escrevi vários artigos sobre o Trem Bala (ou TAV Brasil, epíteto patriótico usado oficialmente) nesses últimos dois anos tratando de vários aspectos, mas destaco a seguir dois parágrafos, escritos em 30 de janeiro de 2010, em um texto que tratava da indefinição e da briga a respeito da localização das estações intermediárias no Vale do Paraíba Paulista:
“Em se tratando de licitação internacional de grande porte, deve-se tratar do processo com todo o cuidado, sem reforçar imagens de desleixo e sem se vangloriar do tal "jeitinho brasileiro", que alguns teimam em achar que é vantagem competitiva. Jeitinho não deve ser motivo de orgulho, é maracutaia, é expressão de subdesenvolvimento, é prática de vigarista.”
“País que pretende ser protagonista no cenário internacional tem que se portar a altura e se dar ao respeito.”
Infelizmente, parece que prevaleceu o “jeitinho brasileiro”, tanto é que estamos nas vésperas do leilão e o que vemos: o Tribunal de Contas da União continua a questionar o processo; o Ministério Público Federal recomenda a suspensão da licitação por deficiência de projeto; o consórcio francês desiste de participar da licitação, o alemão também, o coreano perdeu a parceria de uma grande empreiteira brasileira e sua participação está por um fio; a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária mais Sindmaq, Abimaq, Abinee e Simefre pedem o adiamento do certame; o governo emite Medida Provisória para repassar mais verba pública para o projeto e é questionado na justiça pois é proibido apresentar Medida Provisória em matéria orçamentária; e - a apoteose do desleixo - descobre-se que foi “esquecida” no projeto a previsão da rede de abastecimento de energia elétrica, cujo valor estimado é de módicos R$ 1.000.000.000,00.
Isso mesmo, esqueceram um detalhe insignificante de R$ 1 bilhão para uma coisa desimportante como a energia elétrica para o trem elétrico. Mágicas da engenharia e da economia governamental brasileira.
O triste é ver uma idéia interessante, que pode até ser viável se tratada com seriedade e competência técnica e política, transformar-se num festival de lambanças nos mais diversos campos, tanto na grande articulação global como nos detalhes locais, tanto é que nós, das grandes e pequenas cidades no trajeto do mega-empreendimento, não temos a mínima idéia se o Trem Bala passará nos nossos quintais, se impactará nas nossas várzeas, se interromperá nossas estradas, e nem para onde iremos e nem quanto pagaremos se, por acaso, quisermos embarcar nesse trem.
Urbano Patto é Arquiteto Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional e membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista - PPS - do Estado de São Paulo.
E o Trem Bala segue sua viagem, lenta, tortuosa e sem destino certo...
Já escrevi vários artigos sobre o Trem Bala (ou TAV Brasil, epíteto patriótico usado oficialmente) nesses últimos dois anos tratando de vários aspectos, mas destaco a seguir dois parágrafos, escritos em 30 de janeiro de 2010, em um texto que tratava da indefinição e da briga a respeito da localização das estações intermediárias no Vale do Paraíba Paulista:
“Em se tratando de licitação internacional de grande porte, deve-se tratar do processo com todo o cuidado, sem reforçar imagens de desleixo e sem se vangloriar do tal "jeitinho brasileiro", que alguns teimam em achar que é vantagem competitiva. Jeitinho não deve ser motivo de orgulho, é maracutaia, é expressão de subdesenvolvimento, é prática de vigarista.”
“País que pretende ser protagonista no cenário internacional tem que se portar a altura e se dar ao respeito.”
Infelizmente, parece que prevaleceu o “jeitinho brasileiro”, tanto é que estamos nas vésperas do leilão e o que vemos: o Tribunal de Contas da União continua a questionar o processo; o Ministério Público Federal recomenda a suspensão da licitação por deficiência de projeto; o consórcio francês desiste de participar da licitação, o alemão também, o coreano perdeu a parceria de uma grande empreiteira brasileira e sua participação está por um fio; a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária mais Sindmaq, Abimaq, Abinee e Simefre pedem o adiamento do certame; o governo emite Medida Provisória para repassar mais verba pública para o projeto e é questionado na justiça pois é proibido apresentar Medida Provisória em matéria orçamentária; e - a apoteose do desleixo - descobre-se que foi “esquecida” no projeto a previsão da rede de abastecimento de energia elétrica, cujo valor estimado é de módicos R$ 1.000.000.000,00.
Isso mesmo, esqueceram um detalhe insignificante de R$ 1 bilhão para uma coisa desimportante como a energia elétrica para o trem elétrico. Mágicas da engenharia e da economia governamental brasileira.
O triste é ver uma idéia interessante, que pode até ser viável se tratada com seriedade e competência técnica e política, transformar-se num festival de lambanças nos mais diversos campos, tanto na grande articulação global como nos detalhes locais, tanto é que nós, das grandes e pequenas cidades no trajeto do mega-empreendimento, não temos a mínima idéia se o Trem Bala passará nos nossos quintais, se impactará nas nossas várzeas, se interromperá nossas estradas, e nem para onde iremos e nem quanto pagaremos se, por acaso, quisermos embarcar nesse trem.
Urbano Patto é Arquiteto Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional e membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista - PPS - do Estado de São Paulo.
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