DEU EM O GLOBO
Um dia após a fuga em massa de bandidos expulsos pela Marinha e a ocupação da Vila Cruzeiro pelo Bope, o confronto, na Zona Norte do Rio, passou para o vizinho Complexo do A1emão, com a participação de tropas do Exército e de agentes da Polícia Federal. Um forte tiroteio marcou às 14h30m de ontem o início da Batalha do Alemão, que já deixou feridos três militares e seis civis entre eles uma, criança de 2 anos e um fotógrafo da Reuters. Dezenas de pessoas ficaram encurraladas. Muitas choravam temendo ser atingidas. Com apoio de três helicópteros e 45 viaturas - entre as quais cinco blindados Urutu -, os militares desembarcaram no Alemão para cumprir missão autorizada pelo presidente Lula, a pedido do governador Cabral. A função do Exército é vigiar os 44 acessos ao Alemão. Os militares foram aplaudidos. Os 800 paraquedistas - 60% com passagem pelo Haiti estão orientados a não atirar, a menos que seja em legítima defesa. Diminuiu o número de ataques incendiários na cidade.
Começa a batalha do Alemão
Militares do Exército trocam tiros com traficantes no primeiro dia do cerco às favelas
Ana Claudia Costa, Gustavo Goulart e Natanael Damasceno
Um dia depois de a polícia ocupar a Vila Cruzeiro, na Penha, um dos principais bastiões dos traficantes do Rio, a guerra aos criminosos chegou ontem ao Complexo do Alemão. Depois que homens do Exército e da Polícia Federal ajudaram a polícia fluminense a cercar o complexo de favelas, ocupando todas as vias de acesso, PMs do Bope tentaram, por diversas vezes, entrar e enfrentar as quadrilhas. No entanto, foram recebidos a bala. Durante os intensos confrontos, soldados do Exército chegaram a trocar tiros com os traficantes.
Na chegada dos militares às imediações do complexo, houve aplausos de moradores, que também fizeram sinal de positivo. Muitos gritavam aos homens do Exército que não aguentavam mais viver sob o jugo do tráfico. No entanto, também houve apreensão. Pelo menos nove pessoas ficaram feridas - três militares e seis civis -, entre elas uma criança de 2 anos, atingida por um tiro de fuzil no braço esquerdo, dentro de casa. Ela foi atendida no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, e liberada. O fotógrafo Paulo Whiteakee, da agência de notícias Reuters, também foi baleado, no ombro.
Tiro atinge ônibus e fere 2 passageiros
Outra vítima é Luíza Morais, de 61 anos, baleada dentro de casa, na Rua Paranhos. Em frente à sua residência, onde policiais trocavam tiros com traficantes numa viela de acesso à favela, um soldado paraquedista do Exército foi baleado na perna direita. Duas quadras à frente, um pedestre foi baleado na barriga, na esquina da Rua Paranhos com a Estrada do Itararé.
Em frente à Rua Paranhos, bandidos do Morro do Alemão afrontavam a polícia: ao lado de um bunker do tráfico, eles hastearam uma enorme bandeira vermelha, cor da facção criminosa que domina a região.
Ao longo de toda a tarde e o início da noite de ontem, o clima na região era tenso. As principais ruas ao redor do complexo de favelas ficaram praticamente vazias.
Na Estrada do Itararé, onde há vários acessos aos morros que compõem o complexo, moradores, com crianças, corriam ao atravessar a pista. Algumas pessoas choraram, com medo de serem atingidas por bala perdida. Na Avenida Itaoca, próximo à Estrada do Itararé, dois passageiros de um ônibus da Viação Fabios foram feridos por estilhaços de vidro, após uma bala de fuzil atingir o para-brisa direito do veículo. O projétil perfurou um banco. O motorista parou o coletivo e todos os passageiros desceram, buscando abrigo.
Moradores ficam à espera de trégua
Enquanto isso, paraquedistas cercavam o complexo. O tiroteio intenso, que impediu o avanço dos militares, deixou moradores do morro muito nervosos. Trabalhadores e donas de casa que queriam voltar para suas residências passaram boa parte do dia nas ruas.
- Vou esperar o fim do tiroteio para voltar para casa. Mas e se a troca de tiros não terminar? Será que vou ter que dormir na rua? - perguntou, preocupado, o porteiro Hélio Gomes, de 38 anos.
Para diminuir a resistência dos bandidos, a PM utilizou atiradores de elite em pontos estratégicos. Um deles ficou posicionado atrás da parede de uma das estações do teleférico do Alemão. Com um fuzil calibre .30, ele disparava na direção do Morro do Alemão. A parede do prédio, que sequer foi inaugurado, ficou com várias marcas de tiros.
No fim da tarde, os conflitos se acirraram nos acessos à Favela da Grota, no fim da Estrada do Itararé, em Ramos, e em um dos acessos à Fazendinha, em Inhaúma, quando os veículos blindados do Batalhão do Choque e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, voltaram a tentar entrar no complexo.
Na Avenida Itaoca, policiais tentaram, já no início da noite, entrar na Favela da Fazendinha, iniciando, mais uma vez, um intenso tiroteio. Escondidos atrás de manilhas, traficantes armados com fuzis e granadas rechaçaram as investidas dos policiais. Dezenas de moradores que chegavam do trabalho acabaram impedidos de voltar para casa e ficaram na rua, à espera de uma trégua.
Um dia após a fuga em massa de bandidos expulsos pela Marinha e a ocupação da Vila Cruzeiro pelo Bope, o confronto, na Zona Norte do Rio, passou para o vizinho Complexo do A1emão, com a participação de tropas do Exército e de agentes da Polícia Federal. Um forte tiroteio marcou às 14h30m de ontem o início da Batalha do Alemão, que já deixou feridos três militares e seis civis entre eles uma, criança de 2 anos e um fotógrafo da Reuters. Dezenas de pessoas ficaram encurraladas. Muitas choravam temendo ser atingidas. Com apoio de três helicópteros e 45 viaturas - entre as quais cinco blindados Urutu -, os militares desembarcaram no Alemão para cumprir missão autorizada pelo presidente Lula, a pedido do governador Cabral. A função do Exército é vigiar os 44 acessos ao Alemão. Os militares foram aplaudidos. Os 800 paraquedistas - 60% com passagem pelo Haiti estão orientados a não atirar, a menos que seja em legítima defesa. Diminuiu o número de ataques incendiários na cidade.
Começa a batalha do Alemão
Militares do Exército trocam tiros com traficantes no primeiro dia do cerco às favelas
Ana Claudia Costa, Gustavo Goulart e Natanael Damasceno
Um dia depois de a polícia ocupar a Vila Cruzeiro, na Penha, um dos principais bastiões dos traficantes do Rio, a guerra aos criminosos chegou ontem ao Complexo do Alemão. Depois que homens do Exército e da Polícia Federal ajudaram a polícia fluminense a cercar o complexo de favelas, ocupando todas as vias de acesso, PMs do Bope tentaram, por diversas vezes, entrar e enfrentar as quadrilhas. No entanto, foram recebidos a bala. Durante os intensos confrontos, soldados do Exército chegaram a trocar tiros com os traficantes.
Na chegada dos militares às imediações do complexo, houve aplausos de moradores, que também fizeram sinal de positivo. Muitos gritavam aos homens do Exército que não aguentavam mais viver sob o jugo do tráfico. No entanto, também houve apreensão. Pelo menos nove pessoas ficaram feridas - três militares e seis civis -, entre elas uma criança de 2 anos, atingida por um tiro de fuzil no braço esquerdo, dentro de casa. Ela foi atendida no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, e liberada. O fotógrafo Paulo Whiteakee, da agência de notícias Reuters, também foi baleado, no ombro.
Tiro atinge ônibus e fere 2 passageiros
Outra vítima é Luíza Morais, de 61 anos, baleada dentro de casa, na Rua Paranhos. Em frente à sua residência, onde policiais trocavam tiros com traficantes numa viela de acesso à favela, um soldado paraquedista do Exército foi baleado na perna direita. Duas quadras à frente, um pedestre foi baleado na barriga, na esquina da Rua Paranhos com a Estrada do Itararé.
Em frente à Rua Paranhos, bandidos do Morro do Alemão afrontavam a polícia: ao lado de um bunker do tráfico, eles hastearam uma enorme bandeira vermelha, cor da facção criminosa que domina a região.
Ao longo de toda a tarde e o início da noite de ontem, o clima na região era tenso. As principais ruas ao redor do complexo de favelas ficaram praticamente vazias.
Na Estrada do Itararé, onde há vários acessos aos morros que compõem o complexo, moradores, com crianças, corriam ao atravessar a pista. Algumas pessoas choraram, com medo de serem atingidas por bala perdida. Na Avenida Itaoca, próximo à Estrada do Itararé, dois passageiros de um ônibus da Viação Fabios foram feridos por estilhaços de vidro, após uma bala de fuzil atingir o para-brisa direito do veículo. O projétil perfurou um banco. O motorista parou o coletivo e todos os passageiros desceram, buscando abrigo.
Moradores ficam à espera de trégua
Enquanto isso, paraquedistas cercavam o complexo. O tiroteio intenso, que impediu o avanço dos militares, deixou moradores do morro muito nervosos. Trabalhadores e donas de casa que queriam voltar para suas residências passaram boa parte do dia nas ruas.
- Vou esperar o fim do tiroteio para voltar para casa. Mas e se a troca de tiros não terminar? Será que vou ter que dormir na rua? - perguntou, preocupado, o porteiro Hélio Gomes, de 38 anos.
Para diminuir a resistência dos bandidos, a PM utilizou atiradores de elite em pontos estratégicos. Um deles ficou posicionado atrás da parede de uma das estações do teleférico do Alemão. Com um fuzil calibre .30, ele disparava na direção do Morro do Alemão. A parede do prédio, que sequer foi inaugurado, ficou com várias marcas de tiros.
No fim da tarde, os conflitos se acirraram nos acessos à Favela da Grota, no fim da Estrada do Itararé, em Ramos, e em um dos acessos à Fazendinha, em Inhaúma, quando os veículos blindados do Batalhão do Choque e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, voltaram a tentar entrar no complexo.
Na Avenida Itaoca, policiais tentaram, já no início da noite, entrar na Favela da Fazendinha, iniciando, mais uma vez, um intenso tiroteio. Escondidos atrás de manilhas, traficantes armados com fuzis e granadas rechaçaram as investidas dos policiais. Dezenas de moradores que chegavam do trabalho acabaram impedidos de voltar para casa e ficaram na rua, à espera de uma trégua.
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