Formação de bloco partidário, que exclui o PT, explicita clima de mal-estar na base do futuro governo e acirra disputa por cargos
O PT e a presidente eleita, Dilma Rousseff, não esconderam sua contrariedade diante do anúncio do "blocão". É como está sendo chamado o agrupamento partidário, na Câmara, articulado pelo PMDB com PP, PR, PTB e PSC. Juntas, as cinco legendas de centro-direita formariam uma bancada com 202 parlamentares na próxima legislatura.
O PT elegeu 87 deputados, contra 79 do PMDB. Se vingar, o "blocão" será a maior força da Casa, o que obrigaria Dilma a negociar projetos de interesse do governo e eventuais emendas constitucionais com esse conglomerado.
Convém lembrar, antes de tudo, que a maior concentração de poder está nas mãos da chefe do Poder Executivo, sobretudo agora, que acaba de ser eleita. A pressão que o PMDB, associado ao "blocão" fisiológico, poderá exercer sobre Dilma precisa ser relativizada à luz do poder maior da cadeira e da caneta presidenciais.
A movimentação, como não poderia deixar de ser, foi recebida por petistas como um "golpe" do PMDB. Não podem dizer, porém, que tenham sido apanhados de surpresa pelo aliado, como deram a entender. Na quinta-feira da semana passada, a Folha noticiou a articulação. A reportagem apontava duas ordens de interesses na origem do "blocão".
Primeiro, trata-se de usar a força parlamentar para ganhar terreno na composição do futuro governo. O PP e o PR, que hoje controlam dois dos ministérios mais visados (Cidades e Transportes), ganhariam musculatura para preservar sua cota do assédio petista. O mesmo vale para o PMDB, que hoje controla seis pastas e não está disposto a perdê-las.
Segundo, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, pretende que o "blocão" seja um instrumento de sua candidatura à presidência da Câmara -contra as intenções do PT de indicar o nome por ter eleito a maior bancada. Depois de manifestar descontentamento com especulações sobre nomes de outras legendas cogitados para ministérios hoje ocupados pelo PMDB, o deputado potiguar explicou: "Só mexem com os nossos. Queremos evitar problemas para Dilma".
Não se sabe, ainda, qual será o destino do "blocão" nem qual o desfecho das negociações partidárias pelo rateio dos ministérios e pelo comando da Câmara.
Sabe-se, isso sim, que o PMDB colocou o "bode na sala" -para usar a imagem popular de quem cria dificuldades para vender facilidades.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), classificou a iniciativa de "deselegante" e advertiu: "Não existe hipótese de a presidente ser tutelada por qualquer bloco".
Apesar dos esforços, ao longo do dia de ontem, para aparar arestas, o anúncio do "blocão" explicitou o clima azedo que envolve as relações entre os dois maiores partidos da base governista. A disputa saiu dos gabinetes.
O PMDB fez um gesto para enfrentar o PT e mandou um aviso. O que está em jogo é a capacidade de Dilma Rousseff de resistir a pressões e ao mesmo tempo acomodar tantos interesses.
O PT e a presidente eleita, Dilma Rousseff, não esconderam sua contrariedade diante do anúncio do "blocão". É como está sendo chamado o agrupamento partidário, na Câmara, articulado pelo PMDB com PP, PR, PTB e PSC. Juntas, as cinco legendas de centro-direita formariam uma bancada com 202 parlamentares na próxima legislatura.
O PT elegeu 87 deputados, contra 79 do PMDB. Se vingar, o "blocão" será a maior força da Casa, o que obrigaria Dilma a negociar projetos de interesse do governo e eventuais emendas constitucionais com esse conglomerado.
Convém lembrar, antes de tudo, que a maior concentração de poder está nas mãos da chefe do Poder Executivo, sobretudo agora, que acaba de ser eleita. A pressão que o PMDB, associado ao "blocão" fisiológico, poderá exercer sobre Dilma precisa ser relativizada à luz do poder maior da cadeira e da caneta presidenciais.
A movimentação, como não poderia deixar de ser, foi recebida por petistas como um "golpe" do PMDB. Não podem dizer, porém, que tenham sido apanhados de surpresa pelo aliado, como deram a entender. Na quinta-feira da semana passada, a Folha noticiou a articulação. A reportagem apontava duas ordens de interesses na origem do "blocão".
Primeiro, trata-se de usar a força parlamentar para ganhar terreno na composição do futuro governo. O PP e o PR, que hoje controlam dois dos ministérios mais visados (Cidades e Transportes), ganhariam musculatura para preservar sua cota do assédio petista. O mesmo vale para o PMDB, que hoje controla seis pastas e não está disposto a perdê-las.
Segundo, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, pretende que o "blocão" seja um instrumento de sua candidatura à presidência da Câmara -contra as intenções do PT de indicar o nome por ter eleito a maior bancada. Depois de manifestar descontentamento com especulações sobre nomes de outras legendas cogitados para ministérios hoje ocupados pelo PMDB, o deputado potiguar explicou: "Só mexem com os nossos. Queremos evitar problemas para Dilma".
Não se sabe, ainda, qual será o destino do "blocão" nem qual o desfecho das negociações partidárias pelo rateio dos ministérios e pelo comando da Câmara.
Sabe-se, isso sim, que o PMDB colocou o "bode na sala" -para usar a imagem popular de quem cria dificuldades para vender facilidades.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), classificou a iniciativa de "deselegante" e advertiu: "Não existe hipótese de a presidente ser tutelada por qualquer bloco".
Apesar dos esforços, ao longo do dia de ontem, para aparar arestas, o anúncio do "blocão" explicitou o clima azedo que envolve as relações entre os dois maiores partidos da base governista. A disputa saiu dos gabinetes.
O PMDB fez um gesto para enfrentar o PT e mandou um aviso. O que está em jogo é a capacidade de Dilma Rousseff de resistir a pressões e ao mesmo tempo acomodar tantos interesses.
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