quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Eleita pede que Temer abafe blocão criado pelo PMDB

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

A presidente eleita, Dilma Rousseff, pediu que seu vice, Michel Temer (PMDBSP), abafe o blocão anunciado pelos peemedebistas.

Formado por PMDB, PR, PTB, PSC e PP, com 202 deputados, o grupo tem por objetivo pressionar o governo. Temer solicitou a lideres partidários o fim do "tiroteio" e convidou o PT a fazer parte do blocão.

Dilma pede para Temer evitar blocão

Sem sucesso, vice-presidente eleito convida PT a se juntar ao grupo e solicita fim do "tiroteio" entre os partidos

Líder do governo na Câmara recusou convite e atacou a coalizão, dizendo que ofensiva do PMDB foi "tiro no pé"


Maria Clara Cabral e Márcio Falcão

BRASÍLIA - A presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), pediu ontem para que seu vice, Michel Temer (PMDB-SP), abafe o blocão anunciado pelo PMDB.

Após o encontro, Temer seguiu para reunião na Câmara com os líderes do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), e do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Pediu que ambos acabem com "o tiroteio entre as legendas" e convidou oficialmente o PT a se juntar ao grupo. Em vão.

Vaccarezza não só negou o convite como atacou o bloco. A avaliação de petistas é a de que a ofensiva do PMDB foi "um tiro no pé" que não vai surtir efeitos concretos.

O bloco, formado por PR, PTB, PSC e PP (que anteontem chegou a anunciar que estava fora da coalizão, para depois recuar), terá 202 deputados e tem como objetivo ganhar espaço na composição do governo e força nas decisões do Congresso.

"Vocês sabem que esse bloco não existe. Existe apenas uma intenção e apenas isso já deu problema. O PT não vai entrar nisso", afirmou Vaccarezza.

A frase é semelhante à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ontem mostrou contrariedade ao comentar o assunto.

"Não aconteceu [a criação do bloco]. Parecia que ia acontecer, mas não aconteceu", afirmou o presidente.

"Se as pessoas tentam, de forma conturbada, mexer na política, pode não ser muito bom. Acho que é hora de os partidos começarem a discutir. Tem 48% de renovação na Câmara, no Senado. Quem vai ser presidente da Câmara, do Senado.

O papel dos partidos é conversar."

O problema citado por Vaccarezza se refere ao PP, cujo líder, João Pizzolatti (SC), fez ressalvas para ingressar no bloco.

"Essa união não significa nenhum tipo de comprometimento com a eleição da Câmara. O nosso objetivo é apenas fortalecer o espaço dos partidos. Não tem nenhuma relação com pedido de cargos, até porque somos da base do governo", afirmou.

Anteontem, após pressão do Planalto, Pizzolatti chegou a negar que estivesse já acertado para colocar seu partido no blocão. Ontem, no entanto, após encontro com Henrique Alves e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ele mudou de ideia.

O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e José Eduardo Cardozo (PT-SP) também falaram com líderes da Câmara durante todo o dia de ontem, com pedidos para que o bloco não fosse para frente.

E a resposta dos líderes foi a de que o governo não teria motivo para se preocupar caso todas as promessas com relação à montagem de governo fossem atendidas.

A ofensiva do PMDB ocorre porque a sigla tem se sentido preterida no processo de transição conduzido por Dilma. A sigla também não conseguiu dobrar o PT a respeito de um possível rodízio na presidência da Câmara, que exige o mesmo no Senado.

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