DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Não mudará! As linhas fundamentais da política externa certamente serão mantidas, a começar pela priorização das relações Sul-Sul, em detrimento de entendimentos mais amplos, que alçassem a patamar nobre o diálogo com os Estados Unidos e a União Europeia.
A íntima ligação com Chávez e a ditatorial política "bolivariana" persistirá, bem como a identidade com os governos Morales, da Bolívia; Correa, do Equador; Lugo, do Paraguai; e Kirchner, da Argentina.
Que fique claro: considero salutar uma política de boa vizinhança que possa ser executada pelo Itamaraty; discordo é do atrelamento ideológico que, no período Lula, redundou inclusive em desnecessárias concessões, prejudiciais aos interesses brasileiros.
Critico a distância regulamentar mantida em relação ao Chile e ao Uruguai, países que praticam políticas econômicas afins com as nossas, em troca do mergulho no atraso, na confraternização com o "socialismo" retrógrado, que tem em Cuba e nos irmãos Castro a bandeira máxima.
Como esperar mudanças significativas se o professor Marco Aurélio Garcia será mantido como assessor especial da Presidência para assuntos internacionais?
Afinal, ele, que converge com as ideias do ministro Celso Amorim e do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, foi, de fato e sem maiores traumas no diálogo com o Itamaraty, o formulador da política exterior do governo Lula. O Ministério das Relações Exteriores, o diligente executor.
O substituto de Amorim, embaixador Antonio Patriota, diplomata de bela trajetória profissional, vem da escola do seu antecessor, com quem trabalhou em diversas ocasiões e por quem foi agraciado com a chefia da missão em Washington já em seu primeiro posto de comando. Logo, não vejo que por aí se processe alteração substantiva de rumos. É continuidade, não ruptura.
Repito que a essência será a mesma, embora registre com agrado certos gestos adotados pela presidente eleita, como a condenação à bárbara prática de assassinar, "legalmente", mulheres, ainda que viúvas, consideradas adúlteras pela ditadura de Ahmadinejad.
Do mesmo modo, fez reparos ao voto brasileiro de abstenção nas Nações Unidas, quando lá se aprovou censura ao governo iraniano por violação a direitos humanos.
São bons sinais, quando se leva em conta a atração que o presidente Lula parecia sentir por ditaduras e ditadores sanguinários: vistas grossas ao genocídio no Sudão; foto sorridente com Fidel e Raúl Castro no dia em que o preso político Zapata morria após 89 dias de greve de fome; votos sistemáticos na ONU protegendo regimes autoritários e governantes acusados de desrespeitar direitos civis; simpatia inexplicável, que culminou com a encenação com a Turquia, pelo regime odioso de Ahmadinejad.
Claro que Dilma terá de escolher entre firmar uma marca própria à frente da Presidência ou aceitar o papel de tutelada e "cumprir" o terceiro mandato que Lula tanto almejou. E os choques entre criatura e criador são, quase sempre, inevitáveis e até drásticos. Mas não creio que nossa política exterior sofra alterações bruscas.
Dilma, afinal, parece concordar com a formulação de Marco Aurélio, com as ideias de Amorim e Pinheiro Guimarães. E com o entendimento do homem que a retirou do anonimato político e a guindou, a peso de prestígio político e com (ab)uso da máquina pública, ao mais elevado cargo da República.
Não! Não mudará!
Arthur Virgílio Neto, senador pelo Amazonas (PSDB), é líder da minoria no Senado. Foi ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República (governo FHC) e prefeito de Manaus.
Não mudará! As linhas fundamentais da política externa certamente serão mantidas, a começar pela priorização das relações Sul-Sul, em detrimento de entendimentos mais amplos, que alçassem a patamar nobre o diálogo com os Estados Unidos e a União Europeia.
A íntima ligação com Chávez e a ditatorial política "bolivariana" persistirá, bem como a identidade com os governos Morales, da Bolívia; Correa, do Equador; Lugo, do Paraguai; e Kirchner, da Argentina.
Que fique claro: considero salutar uma política de boa vizinhança que possa ser executada pelo Itamaraty; discordo é do atrelamento ideológico que, no período Lula, redundou inclusive em desnecessárias concessões, prejudiciais aos interesses brasileiros.
Critico a distância regulamentar mantida em relação ao Chile e ao Uruguai, países que praticam políticas econômicas afins com as nossas, em troca do mergulho no atraso, na confraternização com o "socialismo" retrógrado, que tem em Cuba e nos irmãos Castro a bandeira máxima.
Como esperar mudanças significativas se o professor Marco Aurélio Garcia será mantido como assessor especial da Presidência para assuntos internacionais?
Afinal, ele, que converge com as ideias do ministro Celso Amorim e do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, foi, de fato e sem maiores traumas no diálogo com o Itamaraty, o formulador da política exterior do governo Lula. O Ministério das Relações Exteriores, o diligente executor.
O substituto de Amorim, embaixador Antonio Patriota, diplomata de bela trajetória profissional, vem da escola do seu antecessor, com quem trabalhou em diversas ocasiões e por quem foi agraciado com a chefia da missão em Washington já em seu primeiro posto de comando. Logo, não vejo que por aí se processe alteração substantiva de rumos. É continuidade, não ruptura.
Repito que a essência será a mesma, embora registre com agrado certos gestos adotados pela presidente eleita, como a condenação à bárbara prática de assassinar, "legalmente", mulheres, ainda que viúvas, consideradas adúlteras pela ditadura de Ahmadinejad.
Do mesmo modo, fez reparos ao voto brasileiro de abstenção nas Nações Unidas, quando lá se aprovou censura ao governo iraniano por violação a direitos humanos.
São bons sinais, quando se leva em conta a atração que o presidente Lula parecia sentir por ditaduras e ditadores sanguinários: vistas grossas ao genocídio no Sudão; foto sorridente com Fidel e Raúl Castro no dia em que o preso político Zapata morria após 89 dias de greve de fome; votos sistemáticos na ONU protegendo regimes autoritários e governantes acusados de desrespeitar direitos civis; simpatia inexplicável, que culminou com a encenação com a Turquia, pelo regime odioso de Ahmadinejad.
Claro que Dilma terá de escolher entre firmar uma marca própria à frente da Presidência ou aceitar o papel de tutelada e "cumprir" o terceiro mandato que Lula tanto almejou. E os choques entre criatura e criador são, quase sempre, inevitáveis e até drásticos. Mas não creio que nossa política exterior sofra alterações bruscas.
Dilma, afinal, parece concordar com a formulação de Marco Aurélio, com as ideias de Amorim e Pinheiro Guimarães. E com o entendimento do homem que a retirou do anonimato político e a guindou, a peso de prestígio político e com (ab)uso da máquina pública, ao mais elevado cargo da República.
Não! Não mudará!
Arthur Virgílio Neto, senador pelo Amazonas (PSDB), é líder da minoria no Senado. Foi ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República (governo FHC) e prefeito de Manaus.
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