sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Desautorização em série

A presidente Dilma desautorizou sua ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e negou, três vezes, a possibilidade de cortes no PAC. O ministro Guido Mantega negou que o governo negocie a correção do IR, o que fora admitido pelo secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

Dilma desautoriza ministros sobre corte no PAC

Presidente diz que programa não será contingenciado e que governo vai manter o controle da inflação

Fábio Vasconcellos

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, que admitiu anteontem que o governo federal pode contingenciar recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foi desautorizada ontem pela presidente Dilma Rousseff. Em visita ao Rio para anunciar obras para as áreas atingidas pelas chuvas, a presidente fez uma defesa dos programas do governo como o Minha Casa, Minha Vida e o PAC. Ao ser perguntada se poderia haver cortes no PAC, a presidente foi enfática:

- Nós não vamos, nós não vamos, vou repetir assim três vezes, nós não vamos contingenciar o PAC, nós não vamos contingenciar o PAC.

Anteontem, Miriam Belchior dissera que o governo ainda estuda onde pode haver contingenciamento e, portanto, não estava descartada redução dos recursos para o PAC. O anúncio dos cortes do Orçamento deste ano deve ocorrer após a eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado. A estimativa é que o governo tenha que cortar cerca de R$40 bilhões para conseguir cumprir a meta do superávit primário de 3% do Produto Interno Bruto.

Também o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já tinha admitido cortes no PAC, no fim do ano passado, mas o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu, negando que Dilma fosse fazer isso.

Dilma esteve no Rio para anunciar a construção de unidades habitacionais para as sete cidades da Região Serrana, que foram parcialmente destruída pelas chuvas. Em entrevista, a presidente afirmou também que a economia brasileira vai crescer nos próximos anos e que o governo continuará adotando medidas para conter a ameaça de inflação:

- A economia brasileira vai crescer, nós vamos manter o controle da inflação, nós não negociaremos com a inflação e nós vamos manter a economia crescendo, sistematicamente.

Segundo Dilma, além do controle da inflação e da manutenção do crescimento econômico, o governo terá que investir para reduzir as desigualdades regionais:

- Um país rico só é de fato rico se, e o Brasil pode ser um país rico, se nós formos capazes de reduzir a desigualdade regional e a desigualdade social. Por isso também vamos continuar buscando essa redução, e essa redução é uma combinação entre uma taxa determinada de crescimento econômico e políticas de governo, tanto do governo federal quanto do governo (estadual).

A discussão sobre os cortes no PAC começaram no fim de dezembro, quando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a afirmar que o PAC poderia seria afetado. Um dia depois, também no Rio, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva desautorizou o ministro. Na época, Lula afirmou que havia conversado com Guido que, por sua vez, teve que se explicar para a presidente eleita, Dilma Rousseff.

FONTE: O GLOBO

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