Cairo - Os EUA já negociam com o Exército egípcio um plano para tirar de cena Hosni Mubarak, instaurar um governo de transição e encerrar a crise no Egito, segundo o jornal New York Times, que cita diplomatas árabes e fontes ligadas à Casa Branca. A administração provisória contaria com grupos da oposição, como a Irmandade Muçulmana, e iniciaria as reformas constitucionais e prepararia eleições livres em setembro.
Ontem, durante uma entrevista coletiva na Casa Branca, o presidente dos EUA, Barack Obama, informou que já começaram "algumas discussões sobre detalhes da transição". Ele não pediu diretamente a renúncia imediata de Mubarak, mas disse que a transição deve começar imediatamente. "É necessário que o processo de transição comece já", afirmou.
O presidente americano também condenou a violência contra jornalistas e a ativistas de direitos humanos. "Esses ataques são inaceitáveis", disse. Embora não tenha culpado diretamente Mubarak, Obama disse que o governo do Egito "é responsável por proteger a população".
De acordo com o jornal Washington Post, os EUA atuam ainda em outra frente, convencendo os grupos de oposição a dialogar com o vice-presidente egípcio, Omar Suleiman - governistas e opositores teriam uma reunião marcada para a manhã de hoje.
Transição. A Casa Branca espera que, nesse encontro, seja definido um cronograma da transição, das reformas constitucionais e das eleições. A oposição, no entanto, diz que só negocia após a renúncia de Mubarak. Sabendo disso, os EUA estariam pressionando também o Exército, que teria um papel fundamental em colocar os dois lados frente a frente.
Em declaração ao Estado, Yassin Tageldin Yassin, um dos líderes do partido opositor El Wafd, disse que a transição "já começou". "Hoje, o Egito está nas mãos dos militares e apenas se negocia como Mubarak deixará o poder." O governo, contudo, nega que o presidente esteja disposto a renunciar.
A pressão americana, segundo ele, pretende evitar o pior dos cenários: a queda do país, geopoliticamente fundamental, nas mãos de radicais religiosos, como ocorreu com a Revolução Islâmica no Irã, em 1979.
"Na prática, quem controla hoje o Egito são os militares, que já começaram a tomar o poder", afirmou Yassin. Nos últimos dias, foi Suleiman, um general do Exército, quem fez as principais declarações. O primeiro-ministro, Ahmed Shafiq, também é um militar. "Estão preparando um golpe militar para abrir caminho para uma transição à democracia", declarou. "Resta saber o que farão com o presidente Mubarak."
O maior obstáculo a uma junta militar provisória é a oposição, que insiste em uma transição civil. Um dos nomes mais citados para liderar o país é o de Mohamed ElBaradei, ex-secretário-geral da Agência Internacional de Energia Atômica.
Ontem, ele não descartou ser candidato "se o povo egípcio assim desejasse". Em entrevista à TV Al-Jazira, ElBaradei negou que havia desistido, como havia sido publicado pelo jornal austríaco Der Standard.
Corrida presidencial. Quem também se colocou na disputa foi Amr Moussa, ex-chanceler de Mubarak e atual secretário-geral da Liga Árabe, que lançou ontem oficialmente sua candidatura a presidente.
"Estou à disposição de meu país, mas temos de aguardar e ver o desenvolvimento dos acontecimentos políticos", afirmou Moussa. "Mas estou pronto a servir como um cidadão que tem o direito de ser candidato."
FONTE: NYT, AP e REUTERS. COLABOROU JAMIL CHADE/ O ESTADO DE S. PAULO
Ontem, durante uma entrevista coletiva na Casa Branca, o presidente dos EUA, Barack Obama, informou que já começaram "algumas discussões sobre detalhes da transição". Ele não pediu diretamente a renúncia imediata de Mubarak, mas disse que a transição deve começar imediatamente. "É necessário que o processo de transição comece já", afirmou.
O presidente americano também condenou a violência contra jornalistas e a ativistas de direitos humanos. "Esses ataques são inaceitáveis", disse. Embora não tenha culpado diretamente Mubarak, Obama disse que o governo do Egito "é responsável por proteger a população".
De acordo com o jornal Washington Post, os EUA atuam ainda em outra frente, convencendo os grupos de oposição a dialogar com o vice-presidente egípcio, Omar Suleiman - governistas e opositores teriam uma reunião marcada para a manhã de hoje.
Transição. A Casa Branca espera que, nesse encontro, seja definido um cronograma da transição, das reformas constitucionais e das eleições. A oposição, no entanto, diz que só negocia após a renúncia de Mubarak. Sabendo disso, os EUA estariam pressionando também o Exército, que teria um papel fundamental em colocar os dois lados frente a frente.
Em declaração ao Estado, Yassin Tageldin Yassin, um dos líderes do partido opositor El Wafd, disse que a transição "já começou". "Hoje, o Egito está nas mãos dos militares e apenas se negocia como Mubarak deixará o poder." O governo, contudo, nega que o presidente esteja disposto a renunciar.
A pressão americana, segundo ele, pretende evitar o pior dos cenários: a queda do país, geopoliticamente fundamental, nas mãos de radicais religiosos, como ocorreu com a Revolução Islâmica no Irã, em 1979.
"Na prática, quem controla hoje o Egito são os militares, que já começaram a tomar o poder", afirmou Yassin. Nos últimos dias, foi Suleiman, um general do Exército, quem fez as principais declarações. O primeiro-ministro, Ahmed Shafiq, também é um militar. "Estão preparando um golpe militar para abrir caminho para uma transição à democracia", declarou. "Resta saber o que farão com o presidente Mubarak."
O maior obstáculo a uma junta militar provisória é a oposição, que insiste em uma transição civil. Um dos nomes mais citados para liderar o país é o de Mohamed ElBaradei, ex-secretário-geral da Agência Internacional de Energia Atômica.
Ontem, ele não descartou ser candidato "se o povo egípcio assim desejasse". Em entrevista à TV Al-Jazira, ElBaradei negou que havia desistido, como havia sido publicado pelo jornal austríaco Der Standard.
Corrida presidencial. Quem também se colocou na disputa foi Amr Moussa, ex-chanceler de Mubarak e atual secretário-geral da Liga Árabe, que lançou ontem oficialmente sua candidatura a presidente.
"Estou à disposição de meu país, mas temos de aguardar e ver o desenvolvimento dos acontecimentos políticos", afirmou Moussa. "Mas estou pronto a servir como um cidadão que tem o direito de ser candidato."
FONTE: NYT, AP e REUTERS. COLABOROU JAMIL CHADE/ O ESTADO DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário