Depois de Ana Maria Braga e de Hebe Camargo, onde pôde "homenagear" as mulheres e interagir com as massas televisivas, Dilma Rousseff concedeu sua primeira entrevista exclusiva mais séria a Claudia Safatle, do jornal "Valor Econômico". O veículo define a natureza (ou a tônica) da conversa e o perfil do leitor que a presidente busca alcançar. Falou-se de muitas coisas, mas o tema recorrente, que atravessa as páginas como um fio vermelho, é a ameaça da inflação.
Acompanhe a sequência monótona de frases, todas da entrevista:
1) "Eu não vou permitir que a inflação volte no Brasil. Não permitirei que a inflação volte, sob qualquer circunstância";
2) "Não tem pequena gravidez. Ou tem gravidez ou não tem. Agora, não farei qualquer negociação com a taxa de inflação. Não farei";
3) "Eu não negocio com inflação";
4) "Tenho tranquilidade de dizer que em nenhum momento eu tergiverso com inflação";
5) "Quando eu digo que tenho firme convicção de que não se negocia com a inflação, é para você saber que nós passamos todo o tempo olhando isso".
Contei sete menções ao problema. Ideia fixa? Mais do que isso, tanta insistência obsessiva e sintomática significa que Dilma entrou pessoalmente em campo porque percebe que o governo está perdendo a batalha das expectativas. O mercado já está trabalhando com uma "pequena gravidez" e não vê que o Planalto esteja agindo de maneira convincente para abortá-la.
Não é por outra razão que Dilma disse ao "Painel" da Folha, também ontem: "Não vou aceitar nenhuma tentativa de diminuir a importância de Guido Mantega no meu governo".
Ninguém precisaria dizer isso de um ministro sólido.
Juntando-se as duas coisas - o temor inflacionário e a vulnerabilidade de Mantega -, fica a sensação de que o garçom entrou no quarto e atrapalhou a lua de mel entre a presidente e as elites. Nada, por ora, que abale o casamento. Mas aquele clima romântico do início já era.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Acompanhe a sequência monótona de frases, todas da entrevista:
1) "Eu não vou permitir que a inflação volte no Brasil. Não permitirei que a inflação volte, sob qualquer circunstância";
2) "Não tem pequena gravidez. Ou tem gravidez ou não tem. Agora, não farei qualquer negociação com a taxa de inflação. Não farei";
3) "Eu não negocio com inflação";
4) "Tenho tranquilidade de dizer que em nenhum momento eu tergiverso com inflação";
5) "Quando eu digo que tenho firme convicção de que não se negocia com a inflação, é para você saber que nós passamos todo o tempo olhando isso".
Contei sete menções ao problema. Ideia fixa? Mais do que isso, tanta insistência obsessiva e sintomática significa que Dilma entrou pessoalmente em campo porque percebe que o governo está perdendo a batalha das expectativas. O mercado já está trabalhando com uma "pequena gravidez" e não vê que o Planalto esteja agindo de maneira convincente para abortá-la.
Não é por outra razão que Dilma disse ao "Painel" da Folha, também ontem: "Não vou aceitar nenhuma tentativa de diminuir a importância de Guido Mantega no meu governo".
Ninguém precisaria dizer isso de um ministro sólido.
Juntando-se as duas coisas - o temor inflacionário e a vulnerabilidade de Mantega -, fica a sensação de que o garçom entrou no quarto e atrapalhou a lua de mel entre a presidente e as elites. Nada, por ora, que abale o casamento. Mas aquele clima romântico do início já era.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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