Com o governo Dilma pegando fogo, soa quase deselegante que Lula e outros caciques da base aliada concentrem a energia neste momento em articulações para as eleições de 2012.
Mas há motivos para adiantar o calendário. Pesquisas mostram que o jogo está aberto em várias capitais e que uma boa fatia do eleitorado se declara inclinada a experimentar o "novo". Quem se posicionar primeiro poderá levar vantagem.
Além disso, a fórmula binária PT x PSDB, que prevaleceu no cenário nacional e muitas vezes pautou a montagem das chapas municipais, parece ter perdido apelo. Não há garantia de que reapareça com força na campanha do ano que vem.
Primeiro, porque o demotucanismo se fragilizou além do previsto. Basta lembrar de Gilberto Kassab (PSD), que surfou a onda antipetista para se reeleger prefeito de SP e hoje é amigo de infância de Dilma.
Segundo, e paradoxalmente, porque a coalizão federal trincou -resultado de nove anos de convivência forçada e do estilo não-dou-bola-pra-você da nova presidente.
Há, além disso, uma expressiva fadiga de material das lideranças consolidadas. Tome-se o caso de José Serra (PSDB), que em São Paulo desponta com rejeição ascendente, em patamar similar ao de Marta Suplicy (PT), outra veterana aliás.
Daí a naturalidade com que PSB, PMDB, PC do B etc. lançam nomes para prefeito, sem esperar pela definição do PT, o sócio-majoritário.
Por isso, também, a ânsia por caras novas. Em São Paulo, só dá jovem guarda nas especulações: o ministro Fernando Haddad (PT) já foi ungido por Lula; Michel Temer (PMDB) cravou o deputado Gabriel Chalita; Kassab cogita o secretário Eduardo Jorge (PV); e o governador Geraldo Alckmin, se pudesse decidir livre de amarras, indicaria o secretário Bruno Covas (PSDB).
Militantes, financiadores e veteranos desesperados para não sumir serão os primeiros obstáculos desse intrigante processo de renovação.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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