segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Rio parou de pagar manutenção de serviço de bonde

O governo do Rio suspendeu o pagamento a empresa responsável pela manutenção dos bondes nove dias antes do acidente que matou cinco pessoas e feriu 57 em Santa Teresa. O motivo foi um questionamento do contrato pelo Tribunal de Contas do Estado. O sistema está suspenso por tempo indeterminado.

Rio suspendeu pagamento de manutenção de bondes

Medida ocorreu após questionamento do TCE, 9 dias antes de acidente que matou 5

Governo não se pronunciou sobre os motivos do tribunal; dez feridos continuam internados em hospitais

Gustavo Alves, Felipe Martins e Fernando Magalhães

Nove dias antes do acidente com o bonde que matou cinco pessoas e deixou 57 feridos em Santa Teresa, o governo do Rio suspendeu os pagamentos à empresa responsável pela manutenção dos veículos.

O motivo foi um questionamento do TCE (Tribunal de Contas do Estado) ao contrato, segundo termo aditivo publicado no dia 18 no "Diário Oficial" do Estado.

O aditivo também prorroga de 12 de agosto para 8 de fevereiro o prazo dado pela Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística à T"Trans para modernização de 14 bondes. Desses, só cinco estavam em operação até sábado. Após o acidente, o serviço de bondes do bairro, na região central do Rio, foi suspenso por tempo indeterminado.

Procurada pela Folha, a Secretaria de Transportes não se pronunciou sobre as razões para o questionamento do TCE. O proprietário da T"Trans, Massimo Giavina Bianchi, não respondeu e-mail da reportagem.

Em nota, o governador Sérgio Cabral (PMDB) determinou que o transporte por bondes no bairro fique interrompido e que a secretaria conduza um plano de modernização.

O presidente do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil, Valmir Lemos, afirmou que são problemas comuns, mesmo depois da manutenção. "Num caso, o limpa-trilhos do carro batia no piso e não podia circular."

FREIO E SUPERLOTAÇÃO

O coordenador da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes do Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro), Luís Antônio Cosenza, disse que o acidente pode ter sido causado por falha nos freios.

Cosenza lembra que o problema ainda é uma "suposição". O laudo oficial ainda está sendo preparado. Para ele, a superlotação do carro foi "uma contribuição" para o acidente. A capacidade do bonde era de 44 pessoas. Mas só o número de vítimas chegou a 62.

"Não acredito que tenha havido erro do condutor, ele era muito experiente", afirmou o policial militar Mario de Oliveira Neto, que trabalhou na segurança dos bondes por quatro anos e ajudou no resgate.

Na tarde de ontem, o casal João Batista Soares, 62, e Ivone da Silva, 56, foi sepultado no Cemitério de Inhaúma, na zona norte, onde também foi enterrado o motorneiro do bonde, Nelson Correa da Silva.

Outra vítima, Claudia Lilian Almeida Fernandes, teve o corpo trasladado para o Rio Grande do Sul. O corpo de Maria Eduarda Nunes, 12, estava no IML, já que os pais continuavam internados.

A Secretaria Municipal de Saúde informou à tarde que dez feridos ainda estavam em hospitais. O caso mais grave era o de um menino de três anos, internado no CTI.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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