Sem partido, ex-senadora não tem candidato a prefeito em SP, Rio e BH
"Marineiros" temem que possível sumiço nas disputas municipais prejudique campanha presidencial em 2014
Bernardo Mello Franco
SÃO PAULO - Apesar dos 19,6 milhões de votos que recebeu na corrida presidencial de 2010, a ex-senadora Marina Silva (sem partido) corre forte risco de submergir nas eleições municipais do ano que vem.
Dois meses depois de sair do PV, ela não tem perspectiva de lançar candidatos de seu grupo político nas quatro maiores capitais que vão às urnas para eleger prefeitos: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador.
A possível ausência de palanques e da propaganda de rádio e TV preocupa os "marineiros". Reservadamente, alguns já admitem que a perda de visibilidade pode prejudicar o plano de concorrer de novo ao Planalto em 2014.
O impasse ganhou tom de urgência entre aliados que deixaram o PV com Marina e querem ser candidatos, mas estão sem partido. Eles têm apenas duas semanas -até o dia 7- para encontrar abrigo.
É o caso de Ricardo Young, pré-candidato a prefeito de São Paulo, onde a verde recebeu mais de 1 milhão de votos à Presidência. O empresário flertou com o PPS, mas foi avisado de que o partido deve lançar Soninha Francine, que teve 11% de intenções de voto, segundo o Datafolha.
"Está difícil. Não vou me filiar se não tiver a garantia de que serei o cabeça de chapa", diz Young, que descarta a alternativa de embarcar numa legenda nanica, como o PHS.
Em Belo Horizonte, onde Marina alcançou quase 40% dos votos e bateu Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), o plano de lançar o ex-deputado José Fernando Aparecido também deve fracassar.
Sem partido, ele diz que ainda avalia convites de siglas pequenas, mas não disfarça o pessimismo.
"É necessário que a Marina tenha o máximo de palanques no Brasil todo, especialmente nas capitais. O contraponto ao governo Dilma não será o Aécio, será ela", diz.
DESISTÊNCIA NO RIO
No Rio, onde Marina ficou em segundo lugar em 2010, o ex-deputado Fernando Gabeira ficou no PV e avisou que não será candidato a prefeito -no máximo, a vereador.
"Seria uma eleição muito difícil. Mais que a última, quando fui para o sacrifício para montar o palanque dela no Rio", afirma ele, referindo-se à derrota ao governo.
Em Salvador, o candidato natural do grupo seria o ex-deputado Luiz Bassuma, mas ele se filiou ao PMDB e tentará vaga na Câmara Municipal.
"No Brasil, campanha eleitoral é monopólio dos partidos políticos. É o preço de ter saído do PV", lamenta o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), que permanece fiel a Marina, mas ficou na legenda para preservar o mandato.
A ex-senadora diz não estar ansiosa e promete "não forçar a barra" para lançar aliados. Se ficar isolada na campanha, investirá em outros recursos para tentar manter visibilidade política, como a militância ambiental na internet.
Os "marineiros" querem fundar um novo partido, mas o plano, que depende de dinheiro e articulação nacional, só deve começar a sair do papel a partir de 2013.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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