quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Mau começo:: Ricardo Melo

A presidente Dilma ainda não havia dito a que veio. Resolveu dizer na discussão sobre os recursos para a saúde. E o que se ouve é, no mínimo, decepcionante.

Em andanças pelo Nordeste, a presidente perguntou de onde vai sair todo o investimento necessário para garantir a saúde do povo. "Não quero presente de grego", afirmou. Falava sobre a emenda em tramitação no Congresso que prevê aumento de investimentos no setor, emenda que ela própria apoiou durante as eleições.

Repentinamente, Dilma "descobriu" que não há dinheiro para melhorar o tratamento indigente oferecido pelo serviço público. Rimos ou choramos? As duas coisas.

No começo da semana, reportagem desta Folha mostrou como os bancos enganam a Receita Federal para fugir do pagamento de impostos. Junte-se à sonegação escancarada como esta a fortuna drenada em desvios de verbas denunciados nos escândalos recentes e certamente teríamos muito dinheiro para aplicar em saúde, educação, habitação, transportes etc. etc.

A presidente escolheu o pior caminho. Para alegria dos defensores de modelos que fracassam no mundo inteiro a olhos vistos, decidiu economizar R$ 10 bilhões adicionais para... pagar juros. De quebra, sabemos que pretende também reduzir investimentos habitacionais.

Ao mesmo tempo, Dilma tenta jogar para o Congresso, o mesmo que acabou de anistiar uma corrupta assumida como Jaqueline Roriz, a responsabilidade sobre a melhoria das condições de vida da população. Depois de Roma, Grécia e outros clichês da história, nossa presidente agora veste o traje de Pilatos.

O PT assumiu o governo em 2003. Já são mais de oito anos no poder. Alguma coisa melhorou, mas até cardeais do partido admitem que os serviços de saúde, simplesmente vitais, se não andaram para trás, no mínimo, ficaram estagnados. A insistir no discurso atual, o saldo do governo Dilma não será melhor.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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