quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Dilma cede à chantagem”, acusa Jarbas

CONGRESSO - Quase um mês depois de elogiar a “faxina” de Dilma, senador avalia que tudo foi “jogo de cena” e bate fote na presidente

Franco Benites

A trégua dada pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) à presidente Dilma Rousseff (PT) terminou junto com o mês de agosto. Ontem, um dia após a petista visitar o Estado, o pernambucano discursou no Senado e acusou a chefe do Executivo nacional a fraquejar diante dos casos de corrupção. “A presidente capitulou, submeteu-se à chantagem de sua base aliada. Sua famosa ‘faxina’ limitou-se a jogar a sujeira para debaixo do tapete. Deixar uma limpeza pela metade pode ser até pior do que não fazer limpeza alguma”, falou.

Logo após o discurso, Jarbas conversou com o JC, por telefone, e mirou sua artilharia para o próprio partido. Informado sobre a sugestão de alguns deputados peemedebistas de que a legenda deveria abrir mão dos cargos no governo, disparou: “O PMDB se entregou de corpo e alma aos governos Lula e Dilma. O presidente licenciado do partido é o vice-presidente da República (Michel Temer). Fica difícil o PMDB se dissociar do governo agora.”

As críticas surgiram quase um mês depois de o senador louvar a presidente. No dia 3 de agosto, Jarbas foi à tribuna elogiar a decisão de Dilma de afastar funcionários envolvidos em denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes e em órgãos ligados à pasta. Agora, o tom mudou. “Infelizmente, tudo não passava de um jogo de cena. Um arroubo moralizador, sem maiores consequências”, declarou.

O senador, que no início de agosto havia falado em diferença entre os governos Lula e Dilma, comparou as duas gestões petistas. “Lula foi conivente com a corrupção e, ao não reprimi-la, o ex-presidente estimulou toda sorte de práticas espúrias. Dilma tentou criar o contraponto, dar uma marca de seriedade ao seu governo, mas refugou no primeiro obstáculo”, disse.

A relação entre a presidente e a base aliada do governo permeou o discurso. “A base de apoio ao governo Dilma é artificial, uma colcha de retalhos de interesses conflitantes. Como eu disse, recentemente, é uma herança maldita. Sem o oxigênio da corrupção, sem moeda de troca da liberação das emendas dirigidas, sem o ‘toma-lá-da-cá’, fica insustentável a manutenção dessa base fisiológica, fragmentada em dezenas de partidos”, avaliou.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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