Blog do Josias de Souza
Tido pelo PSDB como aliado automático, o PPS inaugurou um debate interno sobre a possibilidade de lançar candidatura própria na sucessão presidencial de 2014.
O tema será debatido e votado em Congresso partidário marcado para os dias 9, 10 e 11 de dezembro.
Presidida pelo deputado Roberto Freire (SP), a legenda pendurou na página que mantém na internet um texto com as diretrizes que vão nortear os debates.
Foram definidas em reunião da Executiva nacional. O documento pode ser lido aqui: http://siap.pps.org.br/temp/17congresso-documentoparadebate.pdf
A menção à hipótese de lançamento de uma opção presidencial própria consta do item 2.4 (rodapé da página 5).
Nesse trecho, o PPS define-se como “partido reformista”. Anota que as mudanças são “fruto de um processo contínuo de persuasão, mobilização popular…”
Um processo de “acumulação de forças, construção de acordos e consensos.”
Algo que, segundo o texto, leva o partido a “abrir-se às demandas da cidadania” e tornar-se "também objeto das reformas.”
Por essa razão, escreve o PPS em seu documento, “já neste congresso [de dezembro], discutiremos a possibilidade de candidatura própria para presidente em 2014.”
Se a tese for materializada em decisão, será a quarta vez que o PPS oferecerá ao eleitor uma alternativa presidencial.
A primeira foi na sucessão de 1989. Ainda sob a sigla do velho PCB, a legenda foi às urnas representada por Roberto Freire.
Nas eleições de 1998 e de 2002, já rebatizado de PPS, o partido lançou a candidatura do ex-tucano Ciro Gomes, hoje filiado ao PSB.
No segundo turno de 2002, o PPS apoiou Lula, que prevaleceu sobre o tucano José Serra. Integrou o governo até 2004. Rompeu antes da explosão, em 2005, do mensalão.
Desde então, o PPS frequenta as disputas presidenciais coligado ao tucanato. Apoiou Geraldo Alckmin em 2006 e José Serra em 2010.
Para 2014, dava-se de barato que o PPS entregaria seu tempo de TV novamente a um presidenciável tucano.
O texto que embala os debates preparatórios do congresso da legenda não exclui essa possibilidade. Tampouco a menciona. Fala apenas da cogitação do nome próprio.
A novidade aparece num instante em que o PSDB organiza para outubro um seminário no qual vai tentar se repaginar, redefinindo programa e estabelecendo metas.
O repórter ouviu, na noite passada, um dirigente do PSDB. Inquirido sobre a hipótese de de uma candidatura presidencial do PPS, o grão-tucano disse: “Não creio que avance”.
O pedaço do PPS que advoga o caminho próprio parte do pressuposto de que a legenda tem a opção de vender o seu peixe sem perder nada.
A legislação atual não impõe a verticalização. Significa dizer que o partido tem liberdade para compor nos Estados alianças diferentes da coligação nacional.
Assim, mesmo com presidenciável próprio, o PPS poderia se coligar nas disputas estaduais a quem bem entendesse, inclusive ao PSDB.
Fracassando na empreitada presidencial, faria aliança num eventual segundo turno.
Por ora, são meras cogitações. Mas já constituem um problema novo para o PSDB.
FONTE BLOG DO JOSIAS SOUZA/ FOLHA.COM
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