quarta-feira, 28 de setembro de 2011

PSD nasce querendo ser grande, mas ainda busca uma ideologia

Partido "nem de direita nem de esquerda nem de centro" flerta com principais líderes políticos do país

Dilma saúda com gosto esse 28º partido brasileiro. Tanto faz se de esquerda, de centro ou de direita

Vera Magalhães

SÃO PAULO - Vencida a etapa de sua criação, o PSD bate bumbo hoje em busca de dois objetivos iniciais: o primeiro, óbvio, é demonstrar força política com robustos números de filiados e congressistas.

O segundo, mais complicado, é tentar dissipar a impressão causada pela frase do prefeito Gilberto Kassab de que não é de direita nem de esquerda nem de centro.

Para isso, Kassab e seus aliados guardaram uma carta na manga: apresentarão hoje um projeto de lei da senadora Kátia Abreu (TO) que vai propor meios para facilitar a aprovação de reformas, um tema caro à sociedade, mas que não avança por dificuldade em ter maioria. Pode ser uma jogada interessante para dar alguma nitidez programática a um partido que deve juntar de ruralistas a boleiros -como, de resto, acontece com todos os outros 27 partidos brasileiros.

Mas não será a partir de iniciativas como esta que o PSD vai adquirir contornos ideológicos claros, e isso nem interessa aos planos eleitorais e de atuação no Congresso traçados pelos dirigentes.

Sem tempo de TV nem direito à repartição do fundo partidário -bolo que garante a sobrevivência dos partidos e de suas máquinas burocráticas-, não é prioridade do PSD eleger muitos prefeitos logo de cara em 2012.

As alianças nos municípios vão reproduzir a lógica que norteou a busca por filiados: vale dilmista e oposicionista. E só quando tiver um candidato "arrasa-quarteirão" o novato PSD fará questão de encabeçar a chapa.

As alianças serão a senha do partido para passar à próxima fase do jogo político-eleitoral, quando, aí sim, pretende começar a se impor com mais firmeza: a negociação para a sucessão de 2014.

A eleição será a prova de fogo para o partido: se confirmar nas urnas uma bancada estimada em mais ou menos 50 deputados, terá direito a regalias na Câmara, como mais assessorias, espaço físico e cargos na Mesa.

Terá, ainda, polpudo tempo de TV e direito a fatia expressiva do fundo partidário -ativos de que carece hoje. O comportamento em relação ao governo Dilma Rousseff no Congresso será o termômetro para essa costura.

Inicialmente avesso ao novo partido, Aécio Neves (PSDB) tratou de se aproximar de Kassab e dos pessedistas mineiros. Outros nomes nacionais, como Eduardo Campos (PSB) e José Serra (PSDB), também têm "ações" do PSD.

E Dilma, que além de ver minguar a oposição ainda ganha um "hedge" de 50 deputados para se contrapor às pressões da base, saúda com gosto esse 28º partido brasileiro. Tanto faz se de esquerda, de centro ou de direita.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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