Vandson Lima
SÃO PAULO - O ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB), apontou como "o erro mais espetacular da história da política econômica brasileira" a maneira como o governo enfrentou a recessão causada pela crise internacional de 2008. Para o tucano, o governo errou ao não reduzir a taxa básica de juros (Selic). "Vai virar caso para estudo em cursos de economia mundo afora", observou.
Em 2008, o Banco Central vinha subindo os juros até setembro, quando o ciclo de alta foi interrompido. A Selic, no entanto, ficou inalterada em 13,75% até o fim daquele ano. A taxa só começou a recuar a partir de janeiro de 2009. O presidente da República era Luiz Inácio Lula da Silva.
Serra participou do VII Congresso Paulista de Jovens Empreendedores, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Para Serra, o atual governo, da presidente Dilma Rousseff, "está tendo um comportamento melhor" em relação aos juros. Em agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros pela primeira vez no ano. Hoje, o Copom inicia nova reunião e amanhã divulgará sua decisão para a Selic.
Serra centrou sua fala na atuação do governo brasileiro frente a um cenário de crise internacional. "A China enfrentou a crise de 2008 investindo, os EUA produzindo dinheiro e a Europa ficou lá, desesperada. E o Brasil foi o único país que não baixou os juros, ficou consumindo em vez de investir", avaliou. Para ele, o Brasil deve aproveitar o cenário atual para resolver seus principais problemas - infraestrutura e política monetária cambial - e usar o "bônus" da descoberta de petróleo na camada do pré-sal, vinculando os recursos daí provenientes a investimentos.
Serra fez críticas ao que chamou de "cultura bacharelesca" do país. "Quantos jovens se sacrificam para pagar um curso de direito, que no final não dá em nada? Não passam nem no exame da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil]".
Defensor da expansão de cursos técnicos, o ex-governador disse que "essas pessoas podiam estar sendo treinadas em faculdades de tecnologia e em escolas técnicas, para se equipar para o mercado de trabalho". O processo de expansão no número de faculdades particulares no Brasil deu-se na década de 1990, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, correligionário de Serra. O atual ministro da Educação é Fernando Haddad, já lançado como pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. Serra deixou o evento sem falar com a imprensa.
FONTE: VALOR ECONÔMICO
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