Vereadores resistem a aproximação com prefeito, que sugeriu indicar o vice na chapa de Fernando Haddad
Bernardo Mello Franco
SÃO PAULO - O ex-presidente Lula determinou ontem à direção do PT em São Paulo que marque uma reunião com o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e leve a sério a sua proposta de indicar o vice na chapa do pré-candidato Fernando Haddad na sucessão municipal.
A aproximação constrange os vereadores petistas, que fazem dura oposição ao prefeito desde o início da sua gestão, em 2006, e temem sofrer prejuízo eleitoral em caso de uma eventual aliança.
Representantes da bancada do partido na Câmara Municipal vão se reunir hoje com o pré-candidato para discutir a oferta de Kassab.
Ontem, Lula recebeu três vereadores petistas na sede do seu instituto. Segundo o presidente da entidade, Paulo Okamotto, a ordem foi para baixar as resistências a à negociação com o prefeito.
"Ele disse que a direção do partido precisa conversar com o Kassab e, recebendo esta proposta, deve analisá-la", relatou Okamotto.
O presidente do diretório municipal do PT, Antonio Donato, lembrou que o partido aprovou uma resolução no ano passado comprometendo-se a fazer uma campanha de oposição ao prefeito.
"Nós somos oposição ao Kassab. Resoluções podem ser mudadas, mas ninguém propôs isso até o momento", afirmou Donato.
"Lula relatou a conversa com o prefeito e nos deixou à vontade para tomar qualquer decisão sobre a proposta, caso ela seja formalizada."
O líder do PT na Câmara, vereador Italo Cardoso, não escondeu o desconforto com a possibilidade de subir no palanque com Kassab: "Política tem dessas coisas..."
De acordo com ele, Kassab já procurou Haddad esta semana para debater a ideia. "O candidato terá um peso muito grande na decisão", disse.
O flerte de Kassab com Lula e com o governo Dilma Rousseff já provocava debates acalorados no PT antes do anúncio de que Haddad seria o candidato, em novembro.
Os vereadores querem que a campanha adote um discurso de oposição radical ao prefeito, mas a cúpula petista prega moderação para preservar as alianças com o PSD em outros municípios e Estados.
No ato que formalizou sua escolha, Haddad prometeu ser um candidato de oposição. "O sentimento da militância do PT, expresso em congresso, é de mudança, e não de continuidade", disse, no dia 11 de novembro.
Procurado ontem à noite, o ministro não quis comentar o encontro de Lula com os vereadores. Nos últimos dias, ele disse a aliados que o ex-presidente o avisou da ideia de Kassab antes de o prefeito divulgar o teor da proposta.
Haddad e Lula vão se encontrar nos próximos dias para conversar sobre o assunto.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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