Senador e ex-vice do tucano no governo tentam convencê-lo a ser candidato
Serristas afirmam que ex-governador segue rechaçando a hipótese, mas passou a mostrar disposição em ouvi-los
Catia Seabra
BRASÍLIA - Cresce a pressão sobre o ex-governador José Serra para que ele dispute a Prefeitura de São Paulo nas eleições de outubro. Antes contrários ao lançamento de sua candidatura, amigos de Serra insistem agora para que entre na corrida municipal.
Um deles é o também tucano Alberto Goldman. Vice de Serra no governo do Estado até 2010, Goldman admite ter mudado de opinião.
"No começo do ano passado, achava que ele deveria assumir a bandeira da oposição. Não foi possível. Mudei de opinião e acho que Serra deve se candidatar à prefeitura", afirmou.
Goldman expôs seu ponto de vista a Serra na semana passada. Serra, de acordo com Goldman, reafirma que não é candidato.
A Folha apurou que, além dele, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e o ex-deputado Márcio Fortes (RJ) também procuraram Serra para sugerir que concorra, sob o argumento de que ninguém mais defenderá seu legado durante as eleições.
Aloysio diz que Serra rechaça a hipótese. "Tenho meu ponto de vista. Mas Serra foi categórico. Se ele não quer ser candidato, como eu vou querer?", afirma.
Aliados afirmam, no entanto, que ele está mais maleável à discussão sobre seu futuro político. Meses atrás, nem sequer conversaria sobre o assunto. Hoje, manifesta disposição de ouvi-los.
Por motivos distintos, a candidatura de Serra conta com o apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB), do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Para Alckmin, é a fórmula para deter uma ruptura com o PSD já nessas eleições. Para Aécio, um jeito de tirar Serra do páreo para a eleição presidencial. Uma derrota enterraria as pretensões eleitorais de Serra. Se vitorioso, não poderia deixar a prefeitura para concorrer ao Planalto.
Em 2006, Serra deixou a prefeitura nas mãos de Gilberto Kassab (PSD) para concorrer ao governo de São Paulo. Quatro anos depois, disputou a Presidência. Atualmente, paga um preço alto pelo afastamento: o alto índice de rejeição na cidade.
Apesar do risco de derrota, aliados de Serra avaliam que ele não sobreviverá politicamente caso espere, fora do cenário político, pela chance de disputar a Presidência.
Na opinião de serristas, ele conservará musculatura política ainda que perca a disputa municipal. Só assim, poderá atuar como contraponto ao PT no Estado.
A candidatura de Serra evitaria a deflagração de um embate interno no PSDB: as prévias. Tucanos e kassabistas avisam, no entanto, que não dá para esperar por uma decisão de Serra. Qualquer que seja, deve ser tomada até março.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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