Com a entrada de Jossé Serra na disputa pela Prefeitura de São Paulo, os secretários estaduais Andrea Matarazzo (Cultura) e Bruno Covas (Meio Ambiente) decidiram retirar a inscrição na prévia que vai definir o candidato do PSDB. Outros dois tucanos prometeram ir até o fim na disputa contra Serra: José Aníbal e Ricardo Trípoli
Dois pré-candidatos desistem em favor de Serra, mas prévia do PSDB é mantida
Julia Duailibi, Fausto Macedo
A decisão de José Serra de entrar na disputa pela Prefeitura de São Paulo forçou a intervenção do governador Geraldo Alckmin (PSDB) que, ontem, reuniu-se com nomes da sigla inscritos para a prévia, marcada e mantida para o próximo 4 de março, para informá-los sobre a entrada tardia do ex-governador no páreo e negociar desistências das pré-candidaturas. A primeira baixa foi do secretário estadual da Cultura, Andrea Matarazzo, que renunciou ontem à pré-candidatura. Bruno Covas, secretário do Meio Ambiente, repete o script hoje. Mas o secretário José Aníbal (Energia) e o deputado estadual Ricardo Tripoli disseram a Alckmin que não desistem e não aceitaram mudar a data da consulta interna.
Alckmin chamou Aníbal e Tripoli para uma conversa no Palácio dos Bandeirantes ontem, ainda pela manhã. Sondou-os sobre a possibilidade de postergar a eleição interna - o grupo serrista quer mais tempo para aglutinar apoios em torno do nome do ex-governador. Serra disse a Alckmin que entraria na disputa na sexta-feira e deve fazer o anúncio oficialmente hoje. A aproximação do PSD, criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ao PT foi fundamental para aumentar a pressão sobre o tucano. A única hipótese de Kassab desistir da aliança com os petistas seria a candidatura de Serra.
Aníbal e Tripoli disseram a Alckmin que aceitavam a entrada de Serra na corrida, mesmo fora da data de inscrição da prévia - o prazo terminou no dia 14 de fevereiro. Os dois não recuaram e argumentaram a Alckmin que o ex-governador tem de se submeter ao pleito interno no próximo domingo e também comparecer hoje à noite ao debate do partido, o último programado. A cúpula tucana tentava ontem adiar o debate, o que provocou a reação dos pré-candidatos.
"As prévias estão garantidas no dia 4 de março, conforme combinado em novembro", declarou Aníbal. "Lamento a saída dos outros dois. Mas acho muito bom que o Serra vá se inscrever. O processo segue." Tripoli, por seu lado, deixou claro que não abre mão da disputa. "A militância continua proprietária do processo. Portanto continuo candidato."
Coube a Alckmin dizer aos dois pré-candidatos que Covas e Matarazzo desistiriam das pré-candidaturas. Na conversa, o governador disse também que, diferentemente de 2004, quando entrou em campo para desmarcar a pré-convenção então agendada para que Serra disputasse a Prefeitura, desta vez não pediria aos postulantes que não concorram.
Ritual da renúncia. Às 17h35 de ontem, em uma sala acanhada no centro da cidade, depois de sete meses de campanha, "sempre de paletó, gravata e abotoaduras" - paramentos que ontem não exibia -, Matarazzo anunciou sua renúncia a um reduzido grupo de correligionários, a quem citou quase todos pelo nome e deles recebeu aplausos.
O secretário da Cultura revelou-se um dedicado cabo eleitoral de Serra. "Aqui abro mão da minha candidatura e peço ao meu grupo que substitua meu nome pelo nome de José Serra nessas prévias. O processo eleitoral das prévias continua, o que muda é apenas o nome. Abro mão do meu lugar e faço isso com orgulho, por alguém que é exemplo de homem público."
Matarazzo afirmou que Alckmin não lhe pediu "nem que entrasse (na prévia) nem que saísse". E que "não vai postular" nada, ante a indagação se almeja a vaga de vice do ex-governador caso o PSDB opte por uma chapa "puro-sangue". Ele foi categórico ao comentar seu gesto, a uma semana das prévias. "Tem uma coisa que é da minha formação: a questão da precedência e da hierarquia. Vocês não verão nunca eu disputando uma eleição com o Serra. Somos do mesmo grupo político. O Serra sempre estará mais credenciado do que eu."
Ontem à noite, Covas comunicou a decisão à militância, mas evitou a imprensa. Hoje ele anuncia a desistência.
Colaborou Luiz Guilherme Gerbelli
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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