A cúpula do PT e o Palácio do Planalto admitem a necessidade de dar um "chacoalhão" na campanha do petista Fernando Haddad, estacionado nas pesquisas de intenção de voto com 3%, informam os repórteres Vera Rosa e Rafael Moraes Moura. A estratégia consiste em criar uma agenda positiva para Haddad e pressionar figuras de expressão no PT, como a senadora Marta Suplicy (SP), a socorrer o candidato. Foi a entrada do tucano José Serra na disputa que acendeu o sinal amarelo no governo federal. "É errado ficar achando que só o Lula resolve as coisas", afirmou o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), referindo-se ao fato de que o ex-presidente, por motivos de saúde, ainda não pode entrar na campanha de Haddad. "Tem um processo, agora, decolar o Haddad na militância", disse Carvalho
PT quer turbinar Haddad com presença de Marta e ministros na campanha de SP
"É errado ficar achando que só o Lula resolve as coisas. Somos um time", diz Gilberto Carvalho
Vera Rosa e Rafael Moraes Moura
BRASÍLIA - Depois da prévia que oficializou a candidatura do ex-governador José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo, no domingo, a cúpula do PT e o Palácio do Planalto admitem a necessidade de um "chacoalhão" na campanha do petista Fernando Haddad, empacado nas pesquisas com 3% das intenções de voto. A estratégia consiste em pressionar figuras de expressão no PT, como a senadora Marta Suplicy (SP) e também ministros, a socorrer o candidato.
"É errado ficar achando que só o Lula resolve as coisas. Somos um time que tem vários jogadores importantes", afirmou o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em tratamento contra um câncer na laringe, sem aliados políticos e sem tempo na TV - já que o PT perdeu o direito de veicular o programa partidário do atual semestre, previsto para maio -, a campanha de Haddad patina.
Dirigente do PT por vários anos e respeitado no partido, Carvalho deu a senha de como deve ser a força-tarefa para impulsionar a candidatura de Haddad. "É evidente que, em qualquer campanha, uma pessoa como Lula, um presidente que teve o mandato e a popularidade que ele tem, vai nos ajudar muito. Agora, não vamos achar que ele resolve tudo", insistiu. Mesmo sem citar Marta, ex-prefeita de São Paulo (2001 a 2004), o ministro não deixou dúvidas sobre o que estava falando.
"Em São Paulo, sempre temos no mínimo 30% dos eleitores. Tem um processo, agora, de colar o Haddad na militância. A campanha não começou ainda e, quando a militância entrar, vai dar uma diferença", amenizou Carvalho, que visitará Lula nesta quarta-feira, 28, em São Paulo.
Na prática, porém, os rumos da campanha de Haddad e o impasse para definir a coordenação da equipe afligem o PT, tanto que integrantes do Conselho Político vão propor, em reunião no sábado, uma ofensiva para atrair Marta. A avaliação é que até mesmo a presidente Dilma Rousseff deve fazer um apelo à senadora.
Dilma está em Nova Délhi, na Índia. O ministro Aloizio Mercadante (Educação) a acompanha na viagem e também será instado a ajudar Haddad. Ele concorreu ao governo de São Paulo em 2010 e, na avaliação do PT, tem um recall que pode alavancar o correligionário, um neófito eleitoral.
A presidente já convidou Marta a integrar sua comitiva aos EUA, nos dias 9 e 10 de abril, quando irá se encontrar com Barack Obama. Ela pretende conversar com Marta sobre o calvário de Haddad nessa ocasião.
Foi Dilma que, em novembro, pediu à senadora para desistir de disputar prévia contra Haddad, repetindo apelo do próprio Lula. Sob o argumento de que era necessária uma "cara nova" na política e lembrando o alto índice de rejeição de Marta, Lula jogou todas as fichas em Haddad.
Pressionada, a senadora deixou o caminho livre para o então ministro da Educação, mas nunca entrou na campanha e não esconde a mágoa com Lula. Amigos de Marta alegam que, se ela acompanhar o desconhecido candidato do PT na periferia, neste momento, vai ofuscá-lo.
Saída. O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), convidou a senadora para a inauguração, no dia 14 de abril, de um Centro Educacional Unificado (CEU), que receberá o nome de Regina Rocco Casa, em homenagem à mãe da ex-primeira-dama Marisa Letícia. A inauguração do CEU pode representar a estreia de Marta na campanha de Haddad. A ideia é unir no palanque a ex-prefeita, o candidato e Lula.
Apreensivos, os petistas avaliam que a insatisfação de aliados do PR e do PDT com o governo federal contamina a eleição em SP. "Ninguém pode dar um ultimato à presidente. Os aliados não são crianças mimadas", protestou o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). "Não é ultimato, mas o PR pode ser determinante para o 2.º turno, o fiel da balança", devolveu o deputado Luciano Castro (PR-RR).
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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