Após duas semanas de crise, líderes da oposição e do governo fecham acordo
Isabel Braga
BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff viajou para Índia, e o clima no Congresso ficou mais distensionado: após duas semanas de paralisia e crise na base aliada, a Câmara vota hoje à noite a Lei Geral da Copa. E há grande possibilidade de o Fundo de Previdência Complementar dos Servidores Públicos (Funpresp) também ser votado hoje no plenário do Senado, deixando a proposta pronta para virar lei. O acordo fechado entre líderes da oposição e do governo foi um recado claro ao governo de que a pauta de votações da Câmara é definida pela Casa, e não pelo Palácio do Planalto.
O acordo foi fechado ontem à noite, em reunião do presidente da República em exercício, Marco Maia (PT-RS), líderes da bancada ruralistas, dos partidos da base e da oposição. Pelo acordo, o Código Florestal, será votado em abril.
"Negociação faz com que o Congresso volte a andar"
Maia deverá reassumir a presidência da Câmara no final da tarde de hoje, com a volta ao país do vice-presidente Michel Temer, e comandará a votação da Lei da Copa. Despachando no Palácio do Planalto, Maia se reuniu com líderes aliados e de oposição e representantes da bancada ruralista.
- Dessa forma, estanca a crise e a negociação faz com que o Congresso Nacional volte a andar - comemorou Maia.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária e vice-líder do PSD, deputado Moreira Mendes (RO), confirmou o acordo:
- Conseguimos distensionar e vamos votar a Copa. Marco Maia assumiu o compromisso de finalizar a votação do Código no mês de abril. Ninguém discutiu o mérito do Código. Se houver acordo, ótimo. Se não, votamos e a frente irá votar com o texto do relator. É uma decisão da Casa que o Código será votado. Não é briga com o governo.
O líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou que em nenhum momento o governo assumiu posição contrária à votação do Código e as conversas sobre mérito irão continuar nas próximas semanas:
- Estamos negociando isso desde o primeiro momento, com o papel insubstituível de Marco Maia. Deu certo.
Nos bastidores, Maia e os líderes concluíram que capitalizariam o fato de decidirem retomar as votações justamente com Dilma no exterior. Maia, que vive em tensão com a presidente, sai como o negociador do acordo.
- A pauta do Legislativo é construída pelo Legislativo. Exatamente no momento em que não houve pressão do Executivo, acertamos votar a Lei da Copa e o Código. Optamos por mostrar que a crise viajou com a Dilma - afirmou o líder do DEM, ACM Neto (BA).
Colaborou Luiza Damé
FONTE: O GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário