Cerca de 15 mil funcionários aderem à paralisação, que já ocorreu em obras das usinas no Norte
Henrique Gomes Batista, Danilo Fariello e Lucianne Carneiro
RIO E BRASÍLIA. Mais uma obra de um grande empreendimento do país parou. Cerca de 15 mil trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) entraram em greve ontem. Eles pedem um reajuste de 12% do piso salarial da categoria, atualmente em R$ 860. As empresas - são 24 consórcios que constroem o complexo, avaliado em R$ 22 bilhões -, oferecem 9% de aumento.
Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Montagem, Manutenção e Mobiliário de São Gonçalo, Itaboraí e Região (Sinticom), Luiz Augusto Rodrigues, a adesão foi geral. Uma nova assembleia de trabalhadores está marcada para a manhã de hoje.
- Todas as obras foram paradas. A paralisação foi pacífica e a comissão de greve conseguiu convencer aqueles que queriam trabalhar a parar - disse.
Esta não foi o primeiro manifesto dos funcionários. Paralisações parciais em alguns consórcios ocorreram em novembro, janeiro e fevereiro. No começo da negociação sindical,os trabalhadores pediam aumento salarial de 18%,enquanto que os empregadores ofereciam 8,5%. Os trabalhadores ainda pedem vale alimentação de R$ 350 por mês, enquanto que as empresas oferecem R$ 300. A obra, que em seu cronograma original previa conclusão em março de 2012, agora tem como meta de finalização outubro de 2014.
A Petrobras confirmou a paralisação das atividades, mas indicou que todas as informações sobre a greve deveriam ser obtidas com o Sindicato das Empresas de Engenharia de Montagem e Manutenção Industrial do Estado do RJ (Sindemon). Segundo Almir Ferreira, advogado do sindicato patronal, a adesão dos trabalhadores á greve não foi de 100%. Ele contou que representantes das empresas se reuniram ontem a tarde, mas foi mantida a proposta das empresas
- A nossa proposta de reajuste que já está em 9%, muito acima da inflação. Agora vamos aguardar a posição dos trabalhadores - afirmou o advogado.
Em outras grandes obras do país, as tensões continuam. Depois de greves e ações de funcionários que criaram barricadas na Transamazônica e impediram a chegada de ônibus aos canteiros, ocorre hoje à tarde, em Altamira (PA), uma reunião entre o Consórcio Construtor Belo Monte, o sindicato dos trabalhadores e um grupo de funcionários da obra para discutir melhorias nas condições de trabalho na construção da hidrelétrica no Rio Xingu. Os operários, que estão trabalhando normalmente, pedem melhores condições de transporte entre os alojamentos e os sítios onde trabalham, reajuste salarial, aumento no valor do auxílio-alimentação e redução do período de baixada - intervalo entre as viagens que podem fazer até as cidades de onde são provenientes para visitar a família - de cada seis meses para cada três meses. Outra reivindicação é a equiparação salarial entre os funcionários de diferentes empresas que atuam dentro dos sítios. Por exemplo, nem todos os mecânicos nas diferentes frentes de obra ganham o mesmo salário. A obra, com 10 mil operários, chegou a parar por quatro dias. seguindo o movimento que ocorria nas usinas do Rio Madeira, Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, onde os trabalhadores já voltaram à ativa.
A construção da hidrelétrica Teles Pires, entre Mato Grosso e Pará, que conta com 2.300 trabalhadores, continua interrompida. Uma decisão judicial de março considerou invalida a licença ambiental dessa usina, que também faz parte do PAC. O consórcio responsável pelo empreendimento vai recorrer.
FONTE: O GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário