Líderes dos partidos governistas e de oposição começam hoje a coleta de assinaturas no Senado e na Câmara para criar uma comissão parlamentar mista de inquérito destinada a apurar as ligações políticas do empresário de jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que está preso. Como vários partidos têm parlamentares citados pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, cada um acha que poderá implicar o outro na CPI e com isso colher dividendos nas eleições deste ano e em 2014.
Governistas e oposição defendem CPI
Partidos, do PT ao PSDB, acreditam que poderão colher dividendos com uma investigação sobre as relações de Carlinhos Cachoeira
Christiane Samarco, João Domingos, Ricardo Brito
BRASÍLIA – Líderes dos partidos governistas e de oposição começam hoje a coleta de assinaturas no Senado e na Câmara para criar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) destinada a apurar as ligações políticas do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cacheira.
Como vários partidos têm parlamentares citados pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, cada um acha que poderá implicar o outro na CPI - que seria a primeira do governo Dilma Rousseff - e com isso colher dividendos eleitorais este ano e em 2014.
Em entrevista publicada ontem pelo Estado, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), disse que "todos os políticos importantes de Goiás tiveram algum tipo de relação ou de encontro com Cachoeira". Mas o PSDB de Marconi investe na CPI apostando que as ligações do contraventor vão além dos limites de Goiás e podem bater às portas do Palácio do Planalto.
"Quem chegou a colocar um pé nos Estados Unidos certamente colocou os dois em Brasília", disse o líder tucano no Senado, Álvaro Dias (PR), ao lembrar que os vazamentos só mostraram personalidades do Congresso. "Faltam as do Executivo".
Dias entende que seria ingenuidade supor que a ambição de Cachoeira não chegue a Brasília e ao governo federal. Ele disse que só a Delta Construções S.A. recebeu R$ 4,13 bilhões do governo federal entre 2007 e 2012. "Isso, só num CNPJ", afirmou o senador, referindo-se à empresa que, segundo a PF, teria ligações com Cachoeira em Goiás.
Indiferente ao objetivo maior do PSDB, que é usar a CPI para envolver o Planalto, o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), disse que a intenção de seu partido é estender a investigação para além do envolvimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) com Cachoeira. "Centralizar a apuração em uma só pessoa não é questão de injustiça, mas de falta de justiça", afirmou.
O petista já se articulou com o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), e contará com a ajuda de peemedebistas como Vital do Rego (PB) para a coleta das assinaturas.
Já o líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), avalia que, ao se livrar de Demóstenes, seu partido ficou à vontade para entrar nas investigações de uma CPI. "Dois dos nossos principais nomes em Goiás e no Brasil são o deputado Ronaldo Caiado e o vice-governador José Eliton. Eles nos garantiram que nunca tiveram nada com Cachoeira. Tanto é que foram figuras das mais importantes na decisão de abrir o processo de expulsão do senador Demóstenes", afirmou ACM Neto. "Estou preparado para a briga. Vou atrás das assinaturas".
No PT. Um dos principais quadros do PT goiano, o deputado Rubens Otoni, aparece em duas fitas de vídeo em conversas comprometedoras com Cachoeira. Numa delas, aparentemente recebe um pacote com R$ 100 mil. Mas isso não intimida o PT, que já preparou até o discurso de defesa para explicar o encontro. "Trata-se de filmes de 2004 (quando o petista buscava recursos para a campanha de prefeito de Anápolis). Desde então, ele vem sendo chantageado pelo Cachoeira. E aquilo é um caso de caixa 2, que já prescreveu", disse o líder do PT Jilmar Tatto (SP). O senador tucano Aloysio Nunes (SP) é outro que defende a CPI. "Quem não deve não teme", disse ele.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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