Cachoeira teria pago propina para registrar fazenda em área de preservação ambiental
Roberto Maltchik
BRASÍLIA. O superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Distrito Federal, Marco Aurélio Bezerra da Rocha, foi afastado do cargo, após seu nome ser citado em investigação da Polícia Federal sobre o grupo do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A investigação mostrou que Carlinhos Cachoeira teria pago propina a servidores do instituto para conseguir a liberação do registro da "Fazenda Gama", uma área de preservação ambiental de quatro mil hectares, próxima à pista do Aeroporto Juscelino Kubitscheck, em Brasília.
De acordo com a portaria publicada ontem no "Diário Oficial da União", Bezerra da Rocha também foi afastado do cargo efetivo de agente de portaria. Na semana passada, o Incra informou que afastaria de seus quadros os servidores que participaram do processo de liberação do registro da área, em abril do ano passado. A portaria, assinada pelo presidente do Incra, Celso Lacerda, diz que o afastamento é cautelar e ocorrerá enquanto a liberação do registro para o imóvel estiver sob investigação. Durante este período, ele continuará recebendo salário normalmente.
Na semana passada, o Incra exonerou o assistente de administração Auro de Souza Arrais, do cargo em comissão de chefe de divisão. Ele fazia parte do quadro de pessoal da Superintendência do Distrito Federal e Entorno, e está envolvido no processo de demarcação da área em que a fazenda está situada. O órgão abriu processo de sindicância, e já pediu à Polícia Federal cópia integral do inquérito. O Incra reconheceu na semana passada que conhecia as suspeitas sobre os processos de certificação de imóveis rurais na Superintendência do Distrito Federal desde setembro de 2011.
Cachoeira negociou promoções de policiais no DF
Novas escutas colhidas pela Polícia Federal mostram a influência do bicheiro Carlinhos Cacheira na Polícia Militar de Goiás. Nas conversas, divulgadas ontem pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, Lenine Araújo de Souza, que seria um dos homens de confiança de Cachoeira, aparece negociando promoções de policiais com o coronel Carlos Antônio Elias, ex-comandante geral da PM.
No diálogo, Lenine diz que as promoções teriam que acontecer antes que o outro governo assumisse. O coronel Elias concorda e sugere uma troca: "se não, passa da hora. Me ajuda daí, que eu vou fazendo força daqui também". Depois que Lenine fala sobre uma possível ajuda a um segundo policial, o militar diz: "Tá defendendo gente boa, aí. Vamos pegar esses meninos e ajudar eles". (sic)
Segundo o "Jornal Nacional", um dos policiais foi promovido a coronel. Mas o ex-comandante alegou que a promoção seguiu as normas da Polícia Militar do estado.
FONTE: O GLOBO
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