Após receber do governo federal um posto-chave no Ministério das Cidades, Paulo Maluf (PP) prepara sua adesão à campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo, que deve ser anunciada em breve.
O apoio do ex-prefeito, que representa quase dois minutos no programa de TV, também é disputado por José Serra (PSDB).
Maluf ganha cargo federal e prepara adesão a Haddad
"Estou fazendo uma aliança com o PP", diz petista sobre união com rival histórico
Ex-prefeito faz leilão por tempo de TV e se afasta de Serra após revés em negociação com Geraldo Alckmin
Bernardo Mello Franco, Daniela Lima, Diógenes Campanha e Andréia Sadi
SÃO PAULO, BRASÍLIA - O governo federal entregou ontem um posto-chave do Ministério das Cidades a um afilhado do deputado Paulo Maluf (PP-SP) para afastá-lo do pré-candidato José Serra (PSDB) e atrair o apoio de seu partido a Fernando Haddad (PT) na disputa pela Prefeitura de São Paulo.
O ex-prefeito virou alvo de disputa por causa do tempo de TV: é dono de 1min43s nos blocos de propaganda eleitoral. Ele já havia negociado adesão aos tucanos, mas recuou e prometeu anunciar sua decisão na segunda-feira. Ontem, no entanto, os petistas já tratavam como certo que ele apoiará Haddad.
"Estou fazendo uma aliança com o PP", disse o pré-candidato após apresentar sua vice, Luiza Erundina (PSB).
Haddad evitou citar o nome de Maluf, que deixou a prefeitura sob acusações de corrupção -que ele nega- e hoje está na lista de procurados da Interpol, sob risco de ser preso se tentar sair do país. Ao ser questionado se aceitaria dividir palanque com ele, o petista não respondeu.
O pré-candidato disse buscar apoio de todos os partidos que sustentam o governo Dilma Rousseff e admitiu a possibilidade de, se eleito, dar novos cargos a Maluf e ao PP. "Vamos ver quais são os quadros que eles têm", disse.
Adversária histórica de Maluf, Erundina deixou claro que não concorda com a aliança, mas prometeu não criar problemas. "Isso é uma questão que os dirigentes partidários devem examinar. Isso não passa pela minha decisão pessoal", afirmou.
Sobre a participação de Maluf num eventual governo de Haddad, disse: "Ele não vai fazer gestão nenhuma. Ele não vai ser prefeito nem vice-prefeito. Quem vai governar conosco é o povo."
Se confirmado, o acerto com Maluf dará a Haddad o maior tempo de exposição no horário eleitoral. Serra, que tinha a liderança, ficará com cerca de um minuto a menos.
A operação petista para atrair o ex-prefeito foi combinada há cerca de 20 dias entre o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP), o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff.
Eles aproveitaram a insatisfação do deputado com o PSDB paulista para oferecer espaço no governo federal em troca do apoio a Haddad.
Maluf havia dado certeza de que apoiaria Serra há duas semanas, depois de o tucano prometer, se eleito, cargos na Secretaria Municipal de Habitação e na Cohab.
No entanto, o ex-prefeito não foi atendido ao pedir mais espaço no governo de Geraldo Alckmin (PSDB), que já havia entregue a ele o comando da CDHU, a companhia estadual de habitação.
Agora, Maluf exigiu também o comando da Secretaria de Habitação, dirigida pelo tucano Silvio Torres. Alckmin pediu tempo, e o ex-prefeito ficou irritado após ser avisado sobre uma reunião sobre os rumos da pasta para a qual não foi convidado.
Recompensa
Ao intermediar sua mudança de lado, o ministro das Cidades obteve a adesão do PT à sua irmã, Danielle Ribeiro, que disputará a Prefeitura de Campina Grande (PB).
Apesar da história de oposição a Maluf, petistas defenderam ontem o acordo.
"O PP é da base aliada, e o Maluf já apoia o governo Dilma", afirmou o deputado José Mentor (PT-SP).
"O PP será muito bem-vindo na campanha. O apoio será do partido, não do Maluf", disse o vereador José Américo (PT), coordenador de comunicação de Haddad.
Questionado sobre como explicar a aliança ao eleitorado petista, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) foi objetivo: "A explicação é uma questão de tempo... tempo de TV!"
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário