A campanha eleitoral vai coincidir, em agosto, com o julgamento do mensalão. Prestes a ganhar munição extra para fustigar o adversário, o tucano José Serra celebra aliança com o PR de São Paulo, justamente o parceiro preferencial do PT no maior escândalo do governo Lula. Dá para entender?
E como explicar que o petista Fernando Haddad se lance à prefeitura como candidato do "novo" e corra para selar acordo com Paulo Maluf, logo o símbolo do que há de mais retrógrado na política municipal?
Esses acertos estapafúrdios embutem duas informações.
A primeira é que os dois lados perderam todo e qualquer escrúpulo para comprar (ôps, garantir) apoio de outros partidos. O objetivo, simples e caro, é obter mais tempo de televisão e rádio (horário fixo e inserções diárias) e se beneficiar da alavancagem proporcionada pelos candidatos a vereador. Ou seja, combustível adicional para a hora em que a eleição pegar fogo.
Nesse cenário polarizado, em que ambos estão dispostos a qualquer negócio, seria lógico que as adesões saíssem mais naturais -ou com menos ruído. Mensaleiros com mensaleiros, conservadores com conservadores, assim por diante.
Em São Paulo, porém, as fronteiras se esfumaçaram. Maluf endossa Haddad, mas continua prestigiado pelo tucano Geraldo Alckmin na coalizão do Estado. O prefeito Gilberto Kassab (PSD) apoia Serra na capital e o PT nas cidades do entorno. O PSB, dirigido em São Paulo por um alckmista de longa data, vai compor chapa com Haddad.
A sanha hegemonista do PT e a impermeabilidade do PSDB a novas lideranças contribuem para tamanha dispersão. Mas, se as demais legendas tentam manter os pés nas duas canoas, é porque não têm certeza de qual delas vai seguir boiando. É um indício de que o jogo está aberto -não apenas na sucessão de Kassab, mas também na de Alckmin.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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