O modelo econômico da era Lula, continuado no governo Dilma, baseado na renda das commodities e no consumo do mercado interno mostra claros finais de esgotamento. Resta ao governo reconhecer o fato, formular e adotar outra estratégia de desenvolvimento. O problema é que os governos do PT, e isso desde o governo Lula que sem pejo adotou como sua a política econômica do governo FHC, não se prepararam, presos à lógica de curto prazo. Agora o crescimento desacelera continuamente e será mais difícil implementar medidas que poderiam ter sido tomadas na época da bonança. Mas como não é possível chorar o leite derramado, precisamos olhar para frente e pensar o futuro.
O PIB é dividido entre consumo (famílias e governo), investimento e exportações líquidas. Os países possuem diferentes composições, mas é necessário sempre visar um equilíbrio entre consumo e investimento. Os EUA são uma economia baseada em consumo com 88% do PIB, mas a bolha imobiliária mostrou os limites do modelo que só foi possível porque fruto de forte investimento realizado em décadas passadas, ou seja, os americanos tinham uma infraestrutura logística excelente e um sistema educacional capaz de gerar produtividade e inovação. A China, ao contrário, baseia seu modelo em investimento que alcança 48% do PIB, o que tem trazido como consequência prédios vazios e ferrovias subutilizadas por falta de consumo. Entre esses dois extremos, a Coreia do Sul tem obtido bons resultados com investimento de 29% e consumo de 68%.
O Brasil tem baixo investimento, em torno de 19% do PIB, sem que tenha feito pesados investimentos passados em infraestrutura e em educação. O aumento do consumo, consequência do aumento do volume de crédito, alavancou o crescimento por um curto espaço de tempo e já mostrou o seu limite. Fizemos, novamente, um voo de galinha, porque não foi amparado na solidez de investimentos de médio e longo prazo. A propaganda do PAC não adianta. Precisamos de uma verdadeira estratégia de melhoria da infraestrutura para que haja barateamento dos custos logísticos e da energia no país, componentes importantes do custo Brasil. Também é urgente resolver o problema da qualidade da educação. Com baixo desemprego, só será possível aumentar a produção se houver aumento da produtividade do trabalho, quase estagnada há 30 anos. Precisamos mais que todas as crianças na escola, nossas crianças devem aprender tudo que a geração atual sabe para que avancem no conhecimento e consigam gerar desenvolvimento científico e inovação. Não basta apenas aumentar os gastos com educação, afinal, destinamos o mesmo que os países da OCDE. É necessário melhorar a eficiência do gasto com boa gestão das escolas, metas e resultados concretos.
Implementar um novo modelo econômico é tarefa para um governo que tenha competência política e administrativa para promover uma reforma democrática do Estado, que o capacite para ser eficiente na arrecadação, bem como no investimento. Um Estado menos burocrático e com maior capacidade de gestão, que pense estrategicamente em termo de longo prazo. Um Estado orientado ao desenvolvimento sustentável, e não este carcomido pela corrupção.
Deputado federal (SP) e presidente nacional do PPS
FONTE BRASIL ECONÔMICO
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