Miro Teixeira acusa ‘tropa de cheque’; Pagot, que levantou suspeitas sobre políticos, também não será chamado
Os partidos da base aliada frearam a CPI do Cachoeira e impediram a convocação do empresário Fernando Cavendish, proprietário da Delta Construções. A empreiteira, declarada inidônea há dois dias pela Controladoria-Geral da União, tem grande participação no PAC, e Cavendish é amigo do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). Para o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) existe uma “tropa de cheque” na CPI pronta para defender Cavendish. Os governistas também rejeitaram a convocação do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes Luiz Antônio Pagot, que diz ter informações sobre a relação entre a Delta e agentes públicos.
Base governista barra depoimento de dono da Delta e oposição vê "fim da CPI"
Caso Cachoeira. Em reunião tumultuada na qual tucanos ameaçaram até deixar a sala, convocações de Fernando Cavendish e de ex-diretor do Dnit, órgão do governo com o maior número de contratos com empreiteira, acabam adiadas por parlamentares
Eugênia Lopes, Ricardo Brito
BRASÍLIA - Os partidos aliados aplicaram um "freio" na CPI do Cachoeira e impediram ontem a convocação do empresário Fernando Cavendish, proprietário da Delta Construções. Declarada inidônea há dois dias pela Controladoria-Geral da União, a Delta é a principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. A base aliada também rejeitou a convocação do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot.
Os requerimentos de convocação de personagens ligados à investigação de Marconi Perillo (PSDB) foram quase todos aprovados, como o do jornalista Luiz Carlos Bordoni, que acusa o governador de Goiás de usar caixa dois durante a campanha.
Foram 16 votos contra e 13 a favor da ida de Cavendish - a negativa de ontem não impede que o empresário seja convocado em outro momento da investigação.
Para o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), há uma "tropa de cheque" na CPI (leia abaixo).
Amigo do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), Cavendish foi blindado com votos da maioria da base governista. O PT votou em bloco contra a convocação. O PMDB se dividiu: o senador Ricardo Ferraço (ES), considerado "independente", votou a favor. O mesmo fez a deputada Íris Araújo (GO), autora de um dos 11 requerimentos que pediam a convocação de Cavendish. O deputado Ronaldo Fonseca (PR-DF), que também tinha um requerimento com o mesmo teor, votou com a base.
O adiamento da convocação do empresário foi proposto pelo relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG). Ele argumentou que a comissão precisa, primeiro, analisar toda a documentação para definir se é o caso de chamar Cavendish. Cunha usou o mesmo argumento para propor o adiamento da convocação de Pagot, que poderia falar sobre os contratos do Dnit com a Delta. Foram 17 votos pelo adiamento e 13 contra. "Se Pagot quer prestar alguma informação relevante, terá oportunidade segundo a nossa conveniência." O petista observou que, se Pagot tiver denúncias a fazer, deve procurar a Polícia Federal.
A oposição e até integrantes de partidos da base considerados "independentes" consideraram a derrubada das convocações como "o fim da CPI".
Quem votou pela convocação ameaçou deixar o plenário em represália à decisão da CPI. "Não ouvir neste momento Pagot e Cavendish é transformar a CPI em café com leite", afirmou o senador Pedro Taques (PDT-MT). "Foi um dia deplorável para a CPI", disse o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE).
Provocações. Antes de decidir pelo adiamento dos depoimentos de Cavendish e Pagot, a CPI foi palco de mais uma disputa política entre PT e PSDB.
Os tucanos apresentaram requerimento de convocação da presidente Dilma Rousseff, em represália à proposta do PT de convocar José Serra, candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo. O PT deverá retirar o requerimento de convocação de Serra.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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