sexta-feira, 15 de junho de 2012

Briga pelo Recife

Apesar de curado, Lula poupa a voz e adia reunião com Eduardo Campos para discutir a sucessão.

PSB só aceita o PT na vice

Eduardo avisa a Humberto que PSB não abre mão de lançar candidato, o que fará depois de uma conversa com Lula

Sheila Borges

Apesar da intensa movimentação do senador Humberto Costa (PT) nas últimas horas para mostrar ao PSB que tem condições políticas de unir a Frente Popular e disputar a Prefeitura da Cidade do Recife, o governador Eduardo Campos não vai recuar e já decidiu: até quarta-feira (20) lançará o nome do pré-candidato do PSB à PCR. Esse anúncio ocorreria na segunda-feira (18), mas foi adiado por conta do cancelamento do encontro que manteria hoje com o ex-presidente Lula em São Paulo. Para compor com o PT, a proposta de Eduardo é inverter a atual dobradinha. O PSB, que indicou o atual vice-prefeito – Milton Coelho – ficaria agora na cabeça da chapa, enquanto o PT – que tem o prefeito João da Costa – ficaria com a vaga do vice.

Essa proposta foi colocada pelo governador para Humberto ontem em Brasília (veja matéria nesta página). Se não for possível, Eduardo vai lembrar a Lula que nas eleições estaduais de 2006 a Frente Popular saiu com dois candidatos, ambos com apoio do ex-presidente: ele próprio (Eduardo, que passou para o segundo turno e elegeu-se governador) e Humberto. Dirá também que o próprio PT, a cada dia que passa, dá mais argumentos para que a sua tese se fortaleça: a de que a sociedade cansou da briga interna petista. Após a conversa com Lula, indicará o candidato.

A novela do PT irritou o governador e ainda está longe de acabar. O Diretório nacional marcou para o dia 25 a análise do recurso apresentado por João da Costa, que não aceita a decisão da Executiva que abortou a sua candidatura à reeleição e indicou Humberto. A crise do PT não traz, segundo Eduardo, nenhuma solução para os problemas que o Recife enfrenta. Além do mais, contribui para a população não se empolgar com o debate político promovido por uma campanha eleitoral, necessário para que se avalie o projeto administrativo que a cidade quer para os próximos quatro anos.

É esse o tom do discurso que Eduardo tem adotado com os partidos aliados e que já “convenceu” o senador Armando Monteiro (PTB), que delegou ao governador a condução do processo (leia na página 4). Ontem, no Rio, onde fez palestra na conferência Rio Clima - evento paralelo à Rio+20 -, Eduardo não parou de conversar, por telefone, com aliados. Pretende reunir em torno do PSB o maior número possível de legendas da Frente Popular (18 siglas).

“Para ser prefeito do Recife não necessariamente tem que ter filiação ao Partido dos Trabalhadores. Não é um requisito legal nem político, como também não se exclui o PT. O candidato precisa ter compromisso com o povo, com a cidade e ter apoio. Se o PSB tiver um nome com perfil de gestor, de confiança, por que não? Ser do PSB não pode ser cláusula de exclusão”, afirmou Eduardo, em entrevista após o evento. Dos nomes do PSB colocados à disposição da Frente, dois crescem na bolsa de apostas para a disputa no Recife: os dos ex-secretários Danilo Cabral e Geraldo Júlio. Depois do Rio, o governador viajou para Brasília. Longe do assédio da imprensa pernambucana, encontrou Humberto e, em seguida, reuniu-se com políticos do PSB para tratar das eleições em alguns Estados do País.

PMDB trata Henry como “prioridade”

Mesmo com cautela, cúpula nacional do partido, agora em sintonia com a direção estadual, garante apoio à candidatura do peemedebista à Prefeitura do Recife

Débora Duque

O tempo em que o PMDB pernambucano falava uma “língua” diferente da cúpula nacional do partido terminou. A consagração pública desse distensionamento, que começou após a derrota eleitoral sofrida pelo senador Jarbas Vasconcelos no último pleito (2010), se deu, ontem, na festa de comemoração dos 48º aniversário do deputado federal Raul Henry (PMDB), na Usina Dois Irmãos. Na festa – um pré-lançamento da candidatura do deputado à Prefeitura do Recife – o vice-presidente Michel Temer (PMDB) tratou o correligionário como um “novo colaborador” da direção da legenda, classificou o projeto majoritário de Raul entre as “prioridades” do partido, embora tenha referido-se à postulação como um fato ainda não consolidado.

Sem entrar em detalhes, Temer afirmou que, embora a vontade do PMDB é de que ele seja candidato, o ingresso de Raul na campanha ainda depende de “ajustes” locais. “Faz parte da estratégia do PMDB lançar candidato nas principais capitais do País. Se ele vier a ser candidato, vai cumprir esse papel. Nesse momento, ele é, e estamos desejosos que ele seja”, afirmou. Questionado sobre o que estaria faltando, completou: “Só ajustamentos do PMDB local. A nacional sempre deixa essas questões para os diretórios locais examinar. O PMDB daqui é que vai decidir e nos comunicar”.

Raul, por sua vez, minimizou as interrogações deixadas pelo vice-presidente. “Eu acho que ele falou que o PMDB tinha candidatura. Sempre disse que meu projeto não era individual, mas coletivo. E a presença dele junto com outros membros do partido é uma demonstração de prestígio”.

As antigas tensões entre a cúpula local e nacional do PMDB foram ditas como superadas. Temer ressaltou, inclusive, que, assim como Raul, Jarbas tem estado cada vez mais em sintonia com as orientações da direção nacional do PMDB. “Isso é coisa do passado. Assunto inteiramente superado. Veja Raul, que tem colaborado muitíssimo conosco e tem prestigiado nossa liderança na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)”, frisou, acompanhado do próprio Henrique e do presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp (RO).

Em relação à fase “conciliadora de Jarbas”, Temer avaliou como “útil” a reaproximação do senador com o governador Eduardo Campos (PSB). Segundo ele, o espaço nacional que tem conquistado o socialista não se constitui numa ameaça aos “planos” do PMDB. “Tenho conversado muito com Eduardo. Eu acho que é muito saudável o crescimento do PSB porque eles fazem parte da base aliada. Não há disputa”, garantiu.

Políticos de diversos partidos estiveram na festa, inclusive o também prefeiturável Mendonça Filho (DEM). O prefeito João da Costa (PT) foi convidado, mas não compareceu, sendo representado pelo seu ex-secretário de Turismo André Campos (PT). Em viagem, o governador enviou como representante os socialistas Tadeu Alencar e Danilo Cabral.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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