sexta-feira, 15 de junho de 2012

Erundina teve votação maior em áreas ricas em 2010

Ex-prefeita aceitou ontem convite para ocupar o posto de candidata a vice na chapa do petista Fernando Haddad; anúncio oficial será hoje

Daniel Bramatti, Iuri Pitta, Bruno Boghossian

Futura candidata a vice-prefeito na chapa de Fernando Haddad, Luiza Erundina (PSB) teve, na última eleição, votação acima da média em áreas ricas de São Paulo - onde o PT costuma colher resultados ruins.

Erundina - que ontem confirmou que será vice na chapa petista - registrou seu segundo melhor desempenho como candidata a deputado federal, em 2010, na zona eleitoral de Pinheiros, cujos eleitores têm a terceira maior renda média na capital.

A parlamentar do PSB também se saiu bem no Jardim Paulista, bairro de elite, e em áreas de classe média das zonas oeste (Perdizes e Lapa), sul (Indianópolis, Vila Mariana e Saúde) e leste (Mooca e Tatuapé).

O mapa de votos de 2010 é praticamente uma antítese do registrado por ela em 1988, quando, disputando pelo PT, foi eleita prefeita de São Paulo graças à sua votação na periferia.

Na época, Jardim Paulista, Perdizes, Mooca, Indianópolis e Vila Mariana estavam na lista das dez zonas eleitorais em que ela teve os menores porcentuais de votação. A então candidata petista teve sua melhor performance, naquele ano, e no extremo da zona leste - bairros nos quais, em 2010, alcançou índices inferiores à sua média.

As eleições para prefeito e deputado são bastante distintas, mas a aproximação de Erundina com o eleitorado de classe média já podia ser percebida em 2004, quando ela voltou a disputar a Prefeitura paulistana, então pelo PSB.

Já houve outros casos em que o padrão de votação foi similar em eleições para a Câmara dos Deputados e para a prefeitura. Em 2008, Paulo Maluf (PP) concorreu a deputado e teve votação acima da média em 28 zonas eleitorais da capital. Dois anos depois, candidato a prefeito, voltou a ter desempenho acima da média em 23 daquelas 28 zonas.

Impacto. Sobrepostos, os mapas de votação de Erundina e dos últimos candidatos a prefeito pelo PT são complementares - onde o partido vai mal, ela vai bem.

Mas nada garante que sua presença na chapa ajude Haddad a vencer a resistência ao petismo na classe média paulistana. Parte do eleitorado de Erundina pode ter-se aproximado dela justamente por causa de seu rompimento com o partido, em 1997.

Especialistas em pesquisas eleitorais e cientistas políticos também costumam afirmar que é muito difícil um candidato a vice melhorar a votação do titular - a maioria do eleitorado nem sequer toma conhecimento da chapa completa dos partidos.

Reação. Apesar de Erundina ter melhor desempenho na classe média, a equipe do pré-candidato do PSDB, José Serra, avaliou ontem que ela agregaria votos à candidatura de Haddad apenas na periferia, onde o PT já é forte. Um integrante da campanha declarou que se trata de "uma chapa do PT com o PT".

Serra disse a seus colaboradores que a escolha da candidata a vice não deve influenciar na corrida eleitoral. A equipe tucana pretende comparar a gestão de Serra à frente da Prefeitura com os governos petistas de Erundina e Marta Suplicy.

Erundina confirmou que será vice na chapa do PT após reunião com o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, ontem à noite. Com a presença do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o partido fará hoje o anúncio formal da aliança. O PC do B deve fazer o mesmo na próxima sexta-feira.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que anteontem se submeteu a uma biópsia na garganta, não participará do evento com o PSB, por recomendação médica.

Colaboraram Julia Duailibi e Daiene Cardoso

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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