Roberto Brant, ex-2º-vice da sigla, critica imposição na capital mineira, cuja disputa foi definida como "guerra" por petista
Christiane Samarco, Marcelo Portela
BRASÍLIA , BELO HORIZONTE - A intervenção do prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, em favor do PT na eleição de Belo Horizonte produziu a primeira baixa no partido. Inconformado com "o ato truculento" que, com apoio do Palácio do Planalto, levou ao fim da aliança em torno do prefeito Marcio Lacerda (PSB), o 2.º vice-presidente nacional do PSD, Roberto Brant, deixou o posto ontem e disse ao Estado que vai se desfiliar.
"Como é que o prefeito de São Paulo desembarca em Belo Horizonte para interferir na política mineira?", questionou Brant, ex-deputado e ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso. "Dizem que ele o fez para pagar débitos políticos com o PT, mas fiquei magoado e ferido como mineiro e dirigente do PSD porque não fui ouvido e BH não é moeda de troca para isto."
Brant deixa o partido recém-criado criticando a forma como Kassab tem conduzido a legenda. "Nascemos da crítica da falta de democracia no sistema partidário, mas o PSD se transformou rapidamente no mais antidemocrático, autoritário e personalista dos partidos relevantes."
Para Brant, a tese da nacionalização da eleição na capital mineira não justifica "de jeito nenhum" a intervenção, até porque Kassab estaria praticando a política do "faça o que eu mando, não faça o que eu faço" - em São Paulo, o prefeito apoia o tucano José Serra, "que faz o discurso mais oposicionista do Brasil", na definição do ex-pefelista, que deixou o DEM para aderir ao PSD.
"Guerra". A ruptura do PT com a chapa de Lacerda teve como pano de fundo polarizar a disputa com o senador Aécio Neves (PSDB), aliado do prefeito e potencial candidato à Presidência em 2014. Na noite de anteontem, em discurso ao lado do presidente nacional do PT, Rui Falcão, o candidato da sigla a prefeito de Belo Horizonte, Patrus Ananias, usou o termo "guerra" para descrever a eleição na cidade. Segundo o ex-ministro, quem lhe disse o termo foi a própria Dilma, em referência ao embate com Lacerda e ao apoio de Aécio à reeleição do prefeito.
Patrus afirmou que terá a presidente e o antecessor no Planalto ao seu lado para enfrentar Lacerda. "O próprio presidente Lula e a presidente Dilma me ligaram para dizer que estarão conosco. Ela disse: você vai enfrentar uma guerra. Eu estarei ao seu lado", contou. O ex-ministro fez ataques indiretos a Aécio. "Não podemos deixar que um homem da dimensão de Tancredo Neves seja aprisionado, com pensamento restrito. Tancredo pertence a Minas, ao Brasil", disse. "(É) muito mais importante que seus descendentes."
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário