Para advogados, está aberto o caminho para outras absolvições
Mariana Timóteo da Costa, Tatiana Farah
SÃO PAULO O advogado Márcio Thomaz Bastos disse ontem que o voto do revisor do processo do mensalão, Ricardo Lewandowski, representa uma "vitória da tese do caixa dois" e "estabelece uma nova corrente de pensamento e debate, que pode abrir caminho para novas estratégias de defesa e até absolvição de outros réus".
Thomaz Bastos, que foi ministro da Justiça do governo Lula, é advogado de José Roberto Salgado, ex-vice-presidente do Banco Rural. Ele elogiou "a densidade e a lógica do voto" e disse que o julgamento ficou mais vivo, com possibilidades abertas.
Na quinta-feira, Lewandowski inocentou o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha de todos os crimes, além de Marcos Valério e seus ex-sócios no caso da Câmara. Segundo Thomaz Bastos, é cedo para saber se outros ministros vão acompanhá-lo:
- Deixamos de lado o pensamento único, que é o da acusação, que foi encampado pelo relator, e passamos para outro tipo de pensamento. Agora, há divergência, discussão, o julgamento e a opinião pública só têm a ganhar.
O advogado voltou a afirmar que o esquema do mensalão não existiu:
- Não é coisa muito importante. O mensalão está importando pouco aos brasileiros.
O ex-ministro contou ainda que fala sempre com o ex-presidente Lula sobre o caso:
- Ele me telefona para perguntar como está, como será o cronograma, quem irá votar...
Bastos voltou a criticar o formato do julgamento, afirmando que o STF não era o lugar para um evento deste porte e os "ministros não têm tradição de julgar ações penais".
José Carlos Dias, também ex-ministro da Justiça e advogado da ex-presidente do Conselho Executivo do Rural, Katia Rabello, disse que o voto de Lewandowski deve inocentar outros réus, como o ex-deputado Professor Luizinho, do PT.
- Acho que o ministro vai seguir esse caminho e inocentar também a minha cliente.
José Fernando Pacheco, advogado de José Genoino, também se disse animado:
- O voto deixou claro que o julgamento será verdadeiro, baseado em provas.
FONTE: O GLOBO
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