Senador Aécio Neves defende seu afilhado político, Marcio Lacerda, dos ataques do ex-presidente dizendo que PT não separa o público do privado
Felipe Canêdo
No dia seguinte à participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comício do candidato Patrus Ananias (PT), o principal padrinho político do prefeito Marcio Lacerda (PSB), o senador Aécio Neves (PSDB), usou o maior escândalo que abalou o PT, o mensalão, para rebater os ataques. Para o tucano, os petistas se apropriam de recursos públicos como se fossem do partido, fazendo referência ao voto dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no sentido de que houve desvio de recursos públicos. "O PT se apropria das empresas públicas, como fez agora, e foi comprovado pelo Supremo Tribunal Federal, em relação ao Banco do Brasil. Uma vergonha, uma instituição secular, símbolo do Brasil, atender a interesses do partido"", criticou Aécio, acrescentando que o PT tem "um problema grave: muita dificuldade em separar o que é público do que é privado".
A declaração foi feita durante evento de campanha em que Lacerda e Aécio percorreram toda a Avenida do Contorno, num contraponto ao comício de Lula. O senador se posicionou também em relação ao fim do acordo entre PT, PSB e PSDB m torno da candidatura de Lacerda. "Se tem alguém que tem que justificar e explicar o rompimento da aliança, obviamente não somos nós. Estamos onde sempre estivemos: ao lado do Marcio", afirmou. No comício, Lula culpou o PSB pelo rompimento e disse que os socialistas deviam ao PT a eleição em 2008. "É importante que eles saibam que não estariam no governo se não fôssemos nós", discursou o ex-presidente.
Depois de ressaltar que estava feliz por Lula, a quem chamou de amigo, ter se recuperado do tratamento de um câncer de laringe, Aécio chamou o ex-presidente de "desinformado" ao dizer durante discurso no palanque montado na Praça da Estação que em Minas o estado está "quebrado ". Aécio usou a ironia para frisar que a fala demonstra que Lula esteve "ausente do processo político, especialmente em Minas". O senador frisou que Minas Gerais foi considerado o estado com a melhor educação fundamental do país, a melhor saúde da Região Sudeste e com o grau de investimento elevado recentemente pela agência Standar&Poors. O tucano garantiu ainda que o governo Anastasia está fazendo um extraordinário volume de obras, com mais de R$ 4 bilhões anunciados, e cobrou: "O estado poderia estar melhor se o governo gederal tivesse cumprido suas promessas. A Fernão Dias está aí, sem investimentos. O metrô, nós estamos aguardando até hoje. E estamos aguardando mais investimentos na saúde".
Lula disse anteontem que a maior parte das obras na capital e no no estado estavam sendo feitas com recursos federais ou empréstimos do BNDES. "O PT em viés equivocado ao analisar a questão do investimento, porque trata recursos públicos como se fossem seus. Dinheiro federal, dinheiro estadual é o que menos importa, é dinheiro do povo, são impostos que todos nós pagamos", argumentou.
Provocações Lacerda comentou que pretende seguir o mesmo conselho que Lula deu à Patrus, de não entrar em polêmicas na campanha eleitoral e não quis comentar o que considerou agressões e acusações feitas pelo ex-presidente. Sob sol escaldante, ele destacou a importância do ato de campanha em volta da Avenida do Contorno, como uma "grande demonstração de apoio ao nosso trabalho e às nossas propostas", disse. O evento contou com numerosas chuvas de fogos-de-artifício em diversos pontos da via, centenas de balões amarelos e vermelhos, muitas faixas e cerca de 3 mil pessoas.
Candidatos sem partido à vista
Candidatos de diferentes partidos tentam eleger prefeitos em importantes cidades do país escondendo as cores e símbolos de suas siglas nas campanhas eleitorais. Em Recife (PE), o tucano Daniel Coelho trocou o azul e o amarelo da legenda pelo verde, e ainda fez a ave símbolo do partido desaparecer. As cores do PSDB surgiram em Curitiba (PR), mas na campanha de um socialista, Luciano Ducci (PSB). Em Porto Alegre (RS), Manuela D"Ávila substituiu o vermelho do seu PCdoB pelo laranja e roxo, além de não mostrar a foice e o martelo nas faixas e bandeiras. Em Campinas (SP), onde o PDT teve um prefeito cassado no ano passado, o nome da legenda não aparece na propaganda de TV. Com a estratégia, os candidatos tentam realçar apoios políticos, manter imagens públicas ou minimizar eventuais perdas eleitorais decorrentes do estigma das siglas.
Eleito deputado pelo PV em 2010, Daniel Coelho filiou-se em 2011 ao PSDB, sigla de pouca expressão em Pernambuco e associada à oposição aos dois políticos mais populares no Estado, o ex-presidente Lula e o governador Eduardo Campos (PSB). O PV se aliou aos socialistas, mas o tucano manteve o verde como sua marca. No seu material de divulgação, quase não há referências ao seu verdadeiro partido.
A estratégia causou polêmica, e Coelho dedicou parte de um programa de TV ao assunto. Disse que trocou de legenda para "continuar acreditando" que pode "fazer uma política diferente". Integrantes do PV recorreram à Justiça Eleitoral, mas perderam, por não existir lei que regulamente o uso de cores nas campanhas eleitorais.
Cor do padrinho Sem lideranças expressivas no Paraná, o PSB usa na campanha do seu candidato em Curitiba, Luciano Ducci, as cores do PSDB, partido do governador Beto Richa, seu principal cabo eleitoral. A assessoria do socialista diz que o amarelo também é a cor do PSB, e que o azul faz parte da identidade visual de Ducci "há algum tempo".
Em Porto Alegre, a comunista Manuela D"Ávila, além de não exibir símbolos como a foice e o martelo no seu material de campanha, faz raras menções ao seu partido no site oficial e na televisão. A direção municipal do PC do B nega que a sigla tente, com a estratégia, evitar eventual rejeição do eleitorado aos símbolos do comunismo. Segundo a coordenação de campanha, a intenção é não "partidarizar" uma coligação que é formada por outras quatro siglas. O roxo, afirma, foi escolhido por sua "identificação com as mulheres".
FONTE: ESTADO DE MINAS
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