Ricardo Lewandowski votou ontem pela condenação de seis dos dez réus acusados de lavagem de dinheiro, entre eles a dona do Banco Rural, Kátia Rabello, e Marcos Valério. O relator, Joaquim Barbosa, havia condenado nove. Os dois voltaram a discutir.
Lewandowski condena seis e absolve quatro
Revisor discorda de Barbosa, que havia condenado 9; demais ministros votam hoje
Carolina Brígido, André de Souza
O revisor. Lewandowski, ao inocentar Geiza, destacou "salário modestíssimo" da ex-secretária
BRASÍLIA O revisor do processo do mensalão, ministro Ricardo Lewandowski, votou ontem pela condenação de seis dos dez réus acusados de lavagem de dinheiro. Ele encontrou provas contra a dona do Banco Rural, Kátia Rabello; o ex-vice-presidente do Rural José Roberto Salgado; o operador do mensalão Marcos Valério; seus dois ex-sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz; e a diretora da SMP&B Simone Vasconcelos. Mas absolveu os ex-diretores do Rural Ayanna Tenório e Vinicius Samarane, a ex-secretária Geiza Dias e o advogado Rogério Tolentino. O relator Joaquim Barbosa havia votado pela condenação de nove, absolvendo apenas Ayanna.
Para o revisor, os seis réus teriam integrado o esquema organizado por Valério e pela cúpula do Banco Rural para comprar o apoio de políticos no governo Lula. O julgamento dessa parte continua hoje, com a manifestação dos demais integrantes da Corte.
Segundo Lewandowski, ficaram comprovadas 38 operações de lavagem de dinheiro. Barbosa mencionou 46. O número é importante na hora do cálculo da pena. Para o revisor, apesar de indicar os beneficiários dos pagamentos feitos na boca do caixa, Geiza não tinha a completa noção dos ilícitos dos quais participava. Ele ressaltou que, em 1997, ela tinha salário de R$ 1.100 e, em 2004, de R$ 1.650. Na sustentação oral, o próprio advogado de Geiza referiu-se a ela como uma "funcionária mequetrefe".
- Um salário modestíssimo para quem estaria envolvido num crime econômico de alta gravidade, o crime de lavagem de dinheiro - disse o revisor.
Lewandowski inocentou Samarane porque, apesar de responsável pela fiscalização interna no banco, não haveria confirmação nos autos de que o réu tinha conhecimento do esquema. Tolentino foi inocentado pois, segundo ele, o Ministério Público Federal não havia especificado o comportamento ilegal do réu.
Segundo a denúncia, Simone Vasconcelos foi responsável por vários saques, levando dinheiro a políticos e assessores em quartos de hotel. Lewandowski rejeitou o argumento da defesa de que ela não conhecia o esquema, dizendo que "não há nada de ingenuidade" por parte da ré. Ele foi duro em relação à dona do Rural, Kátia Rabello:
- A sistemática de saques de enormes valores era tão esdrúxula, e destoava tanto dos padrões de mercado, que não é possível crer, sobretudo tendo em conta sua sistemática repetição, que tudo tenha se passado sem o conhecimento de sua presidente Kátia Rabello.
FONTE: O GLOBO
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