O ministro revisor do processo do mensalão no STF, Ricardo Lewandowski, condenou dois ex-dirigentes do Banco Rural, o empresário Marcos Valério, sua assistente e dois sócios dele por lavagem de dinheiro.
Ele divergiu de alguns pontos do voto do relator da ação, Joaquim Barbosa, e absolveu quatro réus por falta de provas
Revisor condena seis e reconhece lavagem
Lewandowski concorda com relator em questão central do mensalão e condena cúpula do Rural e Marcos Valério
Ministro vota, porém, pela absolvição de quatro réus acusados do crime e indica ponto "vago" da denúncia
Felipe Seligman, Flávio Ferreira, Márcio Falcão, Nádia Guerlenda e Rubens Valente
BRASÍLIA - O ministro revisor do processo do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, condenou ontem a cúpula do Banco Rural, o empresário Marcos Valério, dois ex-sócios e uma assistente e por lavagem de dinheiro. Mas divergiu em vários pontos em relação ao voto do relator Joaquim Barbosa.
No capítulo em julgamento, os ministros avaliam as provas contra dez réus. Na segunda-feira, Barbosa votara pela condenação de nove -a exceção foi a ex-executiva do Rural Ayanna Tenório.
Lewandowski votou pela absolvição de quatro por falta de provas: Ayanna, Vinícius Samarane, executivo do Rural, Geiza Dias, funcionária da agência de publicidade SMPB, e Rogério Tolentino, advogado de Valério.
O revisor reconheceu argumento do defensor de Tolentino, Rafael Soares, que foi ao microfone dizer que uma acusação citada pelo relator está sendo tratada em outra instância do Judiciário e não poderia ser levada em conta.
A acusação trata da participação de Tolentino na obtenção de um empréstimo de R$ 10 milhões no banco BMG.
O ministro chamou o ponto da denúncia sobre Tolentino de "vaga". Em resposta, Barbosa disse que revisaria "laudos e perícias" para voltar a falar sobre o tema hoje.
Relator e revisor concordaram pela condenação da sócia do Rural, Kátia Rabello, do ex-vice-presidente do banco, José Roberto Salgado, de Valério, de seus ex-sócios Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, e de Simone Reis, funcionária de Valério.
Os ministros reconheceram o ponto fundamental da denúncia, de que os recursos para pagamentos a pessoas ligadas a partidos foram sacados no Rural de forma a ocultar, dos órgãos de controle, origem e natureza.
Os advogados do Rural e do grupo de Valério voltaram ontem a negar que seus clientes tenham cometido o crime.
Salsicha
O advogado Antônio Pitombo, defensor de Enivaldo Quadrado, sócio da corretora Bônus Banval, criticou supostas fragilidades nos votos de Barbosa e Lewandowski.
Segundo ele, os ministros passam por "massacre" e, sobrecarregados, trabalham como numa "fábrica de salsichas", confiando demais no trabalho dos assessores.
"Sobre a lavagem, há coisas sendo ditas que nunca foram ditas antes [na jurisprudência], coisas erradas."
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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