Inflados pelas vitórias
em Belo Horizonte e Recife, Aécio Neves (PSDB), neto de Tancredo Neves, e
Eduardo Campos (PSB), neto de Miguel Arraes, se uniram para medir forças com
Lula e Dilma Rousseff no 2º turno, já de olho em 2014. Ontem Aécio e Campos pediram
votos para o PSB em Uberaba
Aproximação de olho em 2014
Aécio Neves e Eduardo Campos se unem em campanha com vistas à sucessão de
Dilma
Maria Lima
Simbolismo. Aécio e Campos estiveram juntos em Uberaba para a campanha de
candidato do PSB e evitaram dar maiores significados à atuação conjunta neste
segundo turno
BRASÍLIA e UBERABA - Inflados pelas vitórias no primeiro turno de Marcio
Lacerda, em Belo Horizonte, e de Geraldo Júlio, em Recife, os padrinhos das
duas candidaturas, respectivamente Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB),
prováveis adversários do PT em 2014, unem-se para medir forças com a dupla Lula
e Dilma Rousseff neste segundo turno em capitais e grandes cidades. Mostrando
um distanciamento cada dia maior de partidos da base aliada do governo e se
firmando como terceira via, o presidente do PSB e governador de Pernambuco
Eduardo Campos usou ontem um ato de campanha em Uberaba, cidade importante do
Triângulo Mineiro, para estrear na campanha ao lado de Aécio, que também
comemora o fato de ter conseguido polarizar com Dilma no primeiro turno em Belo
Horizonte.
Tucanos dizem que a disputa em Uberaba entre Antonio Lerin (PSB) e Paulo
Piau (PMDB) é o que menos conta na aparição da dupla ontem, e que o mais
importante é o simbolismo dos dois juntos. Isso porque essa parceria entre os
dois netos de políticos famosos -Aécio, do ex-presidente Tancredo Neves, e
Campos, do ex-governador Miguel Arraes - está deixando o PT de cabelo em pé. A
eleição municipal deste ano, para o PSB, tem funcionado como o passaporte para
o partido alcançar independência dentro da base e se firmar como alternativa em
2014. Ou negociar com o aliado histórico, o PT, protagonismo para 2018.
- Esse encontro de Aécio e Eduardo Campos em Uberaba tem repercussão
nacional. Aécio mostra sua ampla circulação e Eduardo Campos reforça que não
será sublegenda do PT, muito menos tutelado e patrulhado! Aécio e Eduardo são
os dois maiores lideres da nova geração política - comemora o presidente do
PSDB mineiro, deputado Marcus Pestana.
A aparição pública dos dois ontem em Uberaba foi mais modesta do que o
esperado, mas ficou registrada a foto do momento. Campos e Aécio também
apoiaram o candidato do PSB em Belo Horizonte, o prefeito reeleito Marcio
Lacerda, mas o governador pernambucano não esteve na capital mineira.
Declarações cuidadosas
Aécio Neves chegou a Uberaba no meio da tarde de ontem e ficou na casa de um
amigo, enquanto aguardava a chegada de Eduardo Campos, que aterrissou na cidade
mineira por volta das 18h30m.
Os dois concederam uma breve entrevista no aeroporto, e evitaram dar maior
significado à atuação política conjunta, principalmente no que se refere à
sucessão de Dilma Rousseff, em 2014. Questionado sobre a presença no município
mineiro, junto com Aécio, Campos disse que se limitava ao apoio ao candidato de
seu partido.
- O único significado que tem aqui é o de eleger o candidato Lerin em 2012.
Nossa energia está voltada para apoiá-lo. Ainda não há resultados nem mesmo da
eleição, e vocês já estão falando em 2014 - desconversou Campos.
Aécio também limitou suas respostas à disputa eleitoral para as prefeituras.
- O PSDB tem muitas alianças. Todas elas para uma melhoria de políticas
públicas, visando a uma qualidade de vida melhor para o povo - afirmou.
Além de Fortaleza, onde o PSDB apoia Roberto Cláudio (PSB), e Manaus, onde o
PSB apoia Arthur Virgílio (PSDB) contra Lula, Dilma e a candidata Vanessa
Graziottin (PCdoB), os partidos de Aécio e Campos fazem dobradinha em outras
capitais e cidades importantes, como Campinas, neste segundo turno das eleições
municipais.
O secretário nacional de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR),
ironiza declarações de Eduardo Campos de que o PSB continua na base de Dilma,
mas não será satélite do PT:
- A preocupação do PSB, do Eduardo Campos, é não ser satélite do PT. Mas ele
tem que ter a mesma preocupação em não ser satélite do PSDB.
De uma forma ou de outra, fortalecido nas urnas, com PT ou PSDB, Eduardo
Campos já avisou que o PSB estará no jogo em 2014:
- Esse movimento do PSB só deve preocupar o PT, porque representa uma
fissura grande dentro da base. Nós, da oposição, vamos apresentar um projeto
alternativo de poder em 2014. Se amanhã forças que hoje estão com o governo
quiserem apoiar esse projeto serão muito bem vindas - disse Aécio ao GLOBO.
Queixas de candidatos da base
Derrotado no primeiro turno em Manaus, Serafim Corrêa, do PSB, diz que o
atropelamento do PT aos aliados está aproximando o PSB do PSDB. Ele conta que
no primeiro turno procurou apoio de Dilma e do PT, mas foi informado que a
cúpula já tinha se decidido por Vanessa Graziotin, do PCdoB, que pode ser
derrotada pelo tucano, segundo as pesquisas.
- Eu era ou não era também candidato da base? O apoio que deram a Vanessa
foi desproporcional. Foi uma sacanagem Lula e Dilma já fazerem uma opção no
primeiro turno pela Vanessa! Agora, (o líder do governo no Senado) Eduardo
Braga, que acha que é rei em Manaus, está colocando Lula e Dilma numa gelada.
Estão trazendo a presidente aqui para ser sócia de uma derrota - disse Serafim
Corrêa, lembrando que em 2008, quando o PSB ficou isolado, o PSDB apoiou o
partido.
Serafim Corrêa conseguiu formalizar o apoio do PSB local ao tucano Arthur
Virgílio, apesar das tentativas de Vanessa Graziotin de impedir. A presidente
Dilma deve ir a Manaus na segunda feita, embora tenha dito, durante a campanha,
que não entraria em eleição disputada por dois partidos aliados. Tática que foi
deixada no primeiro turno.
Diante das ofensivas de Campos e da proximidade com o principal partido de
oposição, o ex-presidente Lula também resolveu ignorar isenção em cidades onde
aliados estão em disputa. Na próxima semana ele irá reforçar o palanque de
Elmano Freitas em Fortaleza, onde o petista está empatado com o candidato do
PSB, Roberto Cláudio.
Colaborou Thereza Cristina Gonçalves Ferreira
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário