Ex-presidente pretende se manifestar ao fim da atual fase do julgamento no
STF
Gustavo Uribe
SÃO PAULO Em conversas com amigos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
elogiou o voto do ministro Ricardo Lewandowski que absolveu o ex-ministro José
Dirceu. Para Lula, o revisor foi claro e abordou "questões centrais"
durante a sua exposição no STF.
O ex-presidente, que acompanhou pela televisão o julgamento de Dirceu anteontem,
tem defendido que, nos autos do processo, não há provas contra o ex-ministro.
Ele pretende se manifestar publicamente sobre o julgamento do escândalo
político apenas após o fim da atual fase do processo. Lula, segundo dirigentes
petistas, ficou surpreso com os votos dos ministros Rosa Weber e Luiz Fux, que
acompanharam o relator Joaquim Barbosa e condenaram Dirceu.
Ontem, em evento do candidato Fernando Haddad (PT) na capital paulista, Lula
não quis responder ao ser perguntado sobre o voto de Barbosa. Paulo Vannuchi,
ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos, que assistiu a parte do
julgamento anteontem com Lula, avaliou como impecável o voto de Lewandowski e
afirmou que, caso os réus sejam condenados, deve-se "utilizar todos os
recursos judiciais que restarem, em um processo inesgotável".
- A nossa avaliação, com todo o respeito à Suprema Corte e em relação aos
seus integrantes individualmente, é de inconformismo e cabal discordância (com
a condenação). E sustentação da tese de que, até agora, houve condenação sem
provas - afirmou Vannuchi.
O ex-ministro disse achar que houve ministros do STF que votaram
"baseados em indícios", e não em provas, o que cria "precedente
perigosíssimo". Vannuchi criticou ainda o procurador-geral da República,
Roberto Gurgel:
- O procurador-geral afirmou que quer que o julgamento intervenha no
processo eleitoral. É a confissão do problema. Um Judiciário que não passa
pelas urnas começa a decidir para influir nas urnas, justificando
incompetência. São sete anos; ele poderia ter julgado um ano atrás ou deixado
para novembro.
Fonte: O Globo
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