Já ambientalistas e líderes do próprio Partido Verde aprovam a ideia de criar outro partido para a causa
Pedro Venceslau e Cristina Ribeiro de Carvalho
Apontado pela cúpula do Partido Verde como um presidenciável da legenda para eleição de 2014, o jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira aposta na reaproximação dos verdes com Marina Silva. Ao Brasil Econômico, ele reagiu com ceticismo ao projeto da ex-senadora de criar um novo partido para disputar o Palácio do Planalto e negou que tenha a intenção de segui-la nesse projeto. "É muito difícil criar um partido novo, mas mesmo que isso aconteça, a tendência é que ele acabe adotando os mesmos erros e vícios dos outros".
Com a experiência de quem já disputou vários cargos executivos, entre eles o de vice-presidente, Gabeira advoga que a ex-ministra do Meio Ambiente faça um movimento diametralmente oposto. "A minha expectativa é de reaproximação da Marina com o PV. Acho que isso é possível. Somos poucos e podemos superar nossas pequenas divergências". Sobre seu futuro político, Gabeira afirma que, a princípio, não tem pretensão de disputar nenhum cargo no ano que vem, mas descarta essa possibilidade dependendo do cenário.
As articulações de Marina Silva para formar um novo partido com a também ex-senadora Heloisa Helena são vistas com bons olhos pelo movimento ambientalista. Para Mário Manto-vani, diretor executivo da ONG SOS Mata Atlântica, os quase 20 milhões de votos conquistados pela ex-ministra na eleição presidencial de 2010 garantem a ela legitimidade para a criação da nova sigla. "Quanto mais segmentos existirem para discutir meio ambiente, melhor será. É importante que eles existam", diz.
Ainda segundo Mantovani, o PV, um dos pioneiros nessa luta, viveu nos últimos tempos um período de contradições que levou Marina a se afastar da legenda. "O PV tem em sua composição a junção de todos os partidos. Enquanto que Marina Silva busca trabalhar com pessoas mais especialistas no tema. Ela trabalha coisa de forma mais pura."
Uma das principais frentes de batalha da frente parlamentar dos verdes este ano, de acordo com dirigente do SOS Mata Atlântica, é a administração dos impactos do novo Código Florestal, que, segundo ele, trouxe um dos maiores retrocessos ao país. "O objetivo agora é reorganizar as historias do meio ambiente. É preciso desafiar os partidos a implementarem os planos ambientais nas esferas governamentais, seja nos municípios por meios das prefeituras, ou no estado. A inserção do tema ambiental na política brasileira é coisa nova." Para o deputado ambientalista Alfredo Sirkis, do PV-RJ, a criação de uma nova legenda pode facilitar a candidatura de Marina Silva em 2014. "Ela tem condições de viabilizar um partido por conta da expressividade alcançada em 2010. Defendo cada vez mais partidos atuando nessa frente".
Sirkis manifestou interesse em fazer parte do novo partido, mas pontuou que essa decisão só será tomada após uma análise detalhada sobre o espaço político e ideológico da sigla na sociedade. Ele também acredita que o PV está enfraquecido e por isso deveria ter uma reaproximação com Marina.
Para Felipe Bottini, ambientalista da Neutralize Carbono, a criação de um novo partido por Marina Silva tem ligação direta com os anseios da sociedade, que tem se mostrado preocupada e interessada sobre temas relacionados ao meio ambiente. "As motivações de um político tem de alguma forma base de apoio da sociedade. Como Marina Silva foi uma das mais votadas na eleição de 2010, o assunto, que era secundário na mídia, passou a ser tratado como prioritário".
Para ele, a criação de novos partidos em defesa dessa causa é bem-vindo.
Fonte: Brasil Econômico
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