Partido tenta comandar Senado e Câmara com Renan e Henrique
BRASÍLIA e RIO - O PMDB, que poderá eleger os polêmicos Renan Calheiros (AL) e Henrique Eduardo Alves (RN) para presidentes do Senado e da Câmara, deverá ter ainda, como líder do partido na Câmara, o controverso Eduardo Cunha. Após seis anos atuando nos bastidores e com atuação criticada por deputados de diferentes partidos, além do Palácio do Planalto, Cunha está cada vez mais perto de chegar à liderança do partido na Câmara. Contra a vontade do Planalto e sem contar com seu mais fiel aliado na Casa - o atual líder e candidato favorito a presidente da Casa Henrique Eduardo Alves (RN) -, ele tem o apoio do governador do Rio, Sérgio Cabral, e também do prefeito do Rio, Eduardo Paes, ambos do PMDB.
Anteontem, Cunha comemorou e agradeceu, no Twitter, o apoio de Cabral e Paes.
- É natural que o PMDB do Rio, que tem o governador do estado, a principal prefeitura e a maior bancada do partido no Congresso, se una para ajudar e tentar obter essa posição de liderança. Por isso agradeço de público o apoio dele (Cabral) e do Eduardo Paes - diz Cunha.
Paes confirmou, por sua assessoria, que apoia a candidatura de Cunha. Já a assessoria de Cabral informou que ele não se pronunciaria. Peemedebistas afirmam que Cunha não pertence ao mesmo grupo do governador e do prefeito, e que a aproximação entre eles começou há cerca de seis meses.
- Você pode dizer que não gozo da intimidade (do governador). Do grupo, eu sou um político partidário - desconversa o deputado.
Um dos parlamentares mais influentes nos governos de Anthony Garotinho e Rosinha Matheus, Cunha trabalhou com o casal para a eleição de Cabral em 2006. Após o pleito, porém, Cabral rompeu com o casal e, assim que assumiu o mandato, pôs fim à influência de Cunha no governo do estado, especialmente na estrutura da Cedae e da Cehab.
Cunha voltou suas atenções para Brasília e transformou-se no principal articulador político de Henrique Alves. Apontado por quase todos os peemedebistas como favorito ao posto de líder, Cunha enfrenta reação do governo e já deixou clara essa posição ao vice-presidente Michel Temer e a Henrique Alves.
A presidente Dilma Rousseff começou a tentar "cortar as asas" de Cunha desde que chegou ao governo, retirando indicados do deputado do setor elétrico e da Petrobras. Cunha disputa a liderança com Sandro Mabel (GO) e Osmar Terra (RS). Nos bastidores, Mabel tem o apoio de Henrique.
Cunha é um dos investigados em inquérito aberto pela Procuradoria Geral do Estado, remetido ao Supremo Tribunal Federal, que apura suposto crime de sonegação fiscal, envolvendo ainda um sócio e um ex-dirigente da Refinaria de Manguinhos. Já Renan renunciou em 2007 à presidência do Senado, no auge do escândalo iniciado após a denúncia de que ele recebia ajuda financeira de lobistas ligados a construtoras para pagar despesas pessoais, como o aluguel de um apartamento e a pensão alimentícia de sua filha com a jornalista Mônica Veloso.
Fonte: O Globo
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