terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

PMDB do Rio pressiona PT a desistir de Lindbergh

Paola de Moura

RIO - Pressionado pelo início da pré-campanha do senador Lindbergh Farias (PT) ao governo do Estado do Rio, o PMDB, que faz planos de se manter no Palácio Guanabara pelo menos até 2026, resolveu pressionar o PT a desistir da candidatura própria regional. Ontem, conforme antecipou o Valor PRO, serviço de tempo real do Valor, a executiva pemedebista do Rio divulgou nota em que ameaça não dar espaço à campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014, caso o senador continue candidato ao governo estadual.

Para o PMDB, que pretende eleger o atual vice-governador Luiz Fernando Pezão, por um ou dois mandatos e ainda o atual prefeito Eduardo Paes posteriormente, a pré-campanha de Lindbergh lançada na televisão no fim de semana antecipa uma disputa em que Pezão sai perdendo. O vice-governador ainda não é reconhecido pela população de uma forma geral.

No fim de semana, a executiva do PMDB local reuniu-se e, com o apoio do governador Sérgio Cabral (PMDB), decidiu enviar um texto para ser lido na convenção nacional a ser realizada no sábado.

O texto lembra que apesar de considerar fundamental a reeleição da presidente Dilma, o partido não abrirá mão de ter como candidato único no Estado para 2014, unindo PMDB e PT, o atual vice-governador Luiz Fernando Pezão. "Sua candidatura é inegociável", afirma o texto, justificando que só ela garantirá a continuidade da política de segurança, que cria o ambiente necessário para o desenvolvimento sustentável do Estado.

O PMDB acrescenta ainda que o partido não aceitará o palanque duplo, ou seja, que Dilma esteja presente tanto na campanha de Pezão, quanto na de Lindbergh. "O cenário de palanque duplo para a presidenta Dilma não se sustenta. Trata-se de uma equação que não fecha e cujo resultado não será a soma, mas a subtração", afirma a nota assinada pelo presidente regional do partido Jorge Picciani.

O PMDB lembra que foi fiel durante todos os anos em que apoiou o PT na Presidência. "Garantimos a governabilidade e somos fiéis aos nossos aliados", acrescenta o texto. O partido também pressiona o PT a decidir em que lado quer ficar. "Cabe ao PT que a desejada aliança se mantenha coesa, forte e uníssona". E lembra ao partido da presidente que, "em 2010, no primeiro turno o povo do Rio deu 67% dos votos ao governador Sérgio Cabral. E no segundo turno 70% dos votos à presidente Dilma". E conclui que o PMDB é o responsável pela mudança da história do Rio e que com isso também contribui para as transformações do país.

Lindbergh evitou atacar diretamente a nota, mas reagiu dizendo que continua em campanha. "A direção do PT tirou por unanimidade a pré-candidatura em novembro. Vamos lançar uma grande frente na eleição", afirmou. "Se o PMDB quiser lançar um pré-candidato, que o faça. Não pode é dizer o que nós temos que fazer", completou Lindbergh. Na sexta-feira, o senador inicia oficialmente sua campanha pelos municípios fluminenses. Ele fará uma caravana em que visitará todos as 92 cidades, começando por Japeri.

Já o deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ) foi mais enfático. "Querem escolher o novo governador. Querem ganhar no W.O. eliminando qualquer candidatura que possa ameaçar", reagiu. "Os termos da nota são inaceitáveis. Condicionar a candidatura à aliança nacional é uma chantagem", afirmou.

Para tentar alavancar a candidatura de Pezão, que nas pesquisas do ano passado não conseguia ultrapassar os 10%, enquanto o deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) obtinha mais de 30% e Lindbergh chegava perto de 20%, o PMDB tenta escalar o secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame. Ele seria candidato a vice-governador na chapa de Pezão. O objetivo, segundo Picciani, é garantir a continuidade da política de segurança pública, que tem como principal alicerce as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP).

Mas a estratégia esbarra na resistência do secretário, que afirma constantemente não querer se transformar em um político. Beltrame também vem sendo assediado por outros estados e até países onde a violência é motivo de preocupação crescente.

Fonte: Valor Econômico

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