Ex-prefeito afirma que partido é "independente", mas apoia reeleição de Dilma
Germano Oliveira
SÃO PAULO - O presidente nacional do PSD e ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, contou ter dito à presidente Dilma Rousseff, em jantar anteontem à noite em Brasília, que seu partido não vai apoiar o atual governo no Congresso e que não deseja a política do toma lá dá cá. Portanto, o PSD não quer ministério algum. E informou que, se a presidente indicar o empresário Guilherme Afif Domingos para a Secretaria da Pequena e Média Empresa, o fará em sua cota pessoal. Garantiu, no entanto, que o PSD já decidiu apoiá-la na sua disputa pelo reeleição em 2014. Só então, o partido governará junto e aceitará ministérios.
- Vamos ficar independentes até 2014. O PSD não quer participar do atual governo. Não participamos da campanha e não ajudamos a eleger a presidente. Portanto, não queremos ministério algum agora, porque não apoiamos a política do toma lá dá cá - disse Kassab ao GLOBO ontem, após o jantar com Dilma, do qual participou ainda o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD).
Segundo Kassab, o fato de o PSD não participar da atual base aliada não significa que será oposição a Dilma.
- Poderemos até votar com o governo naquilo que o parlamentar entender que será bom para o país, mas sem o compromisso de ser da base de apoio no Congresso. A decisão fechada é mesmo a de independência. Por isso, não queremos ministério agora e não desejamos participar do atual governo - disse Kassab.
Por isso, diz ele, se Dilma escolher Afif Domingos para ser o secretário da Pequena e Média Empresa, com status de ministério, não o será dentro da cota do partido.
- O Afif é uma referência em matéria de pequena e média empresa. Isso foi no governo Sarney, foi no governo Collor; no governo de Fernando Henrique ele foi até do Sebrae. Sempre que Lula queria algo no setor da microempresa, falava com Afif. Então, nomear Afif não está dentro da cota do PSD - disse Kassab, negando que o partido esteja fazendo chantagem para aumentar o cacife e ter mais ministérios já.
O próprio Kassab já foi cotado para ser ministro:
- Nunca passou pela minha cabeça ser ministro de Dilma agora.
Ele disse ter dado garantias à presidente de que o partido vai apoiar sua reeleição:
- A maioria do partido quer reeleger Dilma. Essa tendência é irreversível. Aí sim, vamos trabalhar juntos e ter ministérios depois de 2014.
O ex-prefeito negou que possa vir a apoiar uma eventual candidatura à Presidência do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos. Isso porque Campos estaria muito próximo do ex-governador José Serra (PSDB), que poderá apoiar o governador pernambucano por estar insatisfeito com a candidatura do senador tucano Aécio Neves (MG) à Presidência. Serra foi o mentor político de Kassab, que sempre confessou dever muito a Serra. Logo que criou o PSD, em 2012, comentou-se que o novo partido poderia se fundir ao PSB de Campos, formando-se uma terceira via, além de PT e PSDB.
- Não tem nada disso. A tendência é caminharmos com Dilma. Não tem Eduardo Campos nesse projeto - garantiu Kassab.
O ex-prefeito anunciou ainda que será candidato a governador de São Paulo em 2014 e, assim, Dilma poderá ter mais um palanque, já que o PT deverá ter candidato.
- Acho até que ela terá três palanques em São Paulo, porque o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, do PMDB. também já disse que será candidato a governador. Não tem problema algum. No segundo turno, todos nós nos entenderemos - disse Kassab.
Fonte: O Globo
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