Lembrança recente, de águas rasas.O então presidente Lula garante que Rio não perderá royalties do Petróleo. É tempo de eleição. Dilma Rousseff vence e o Rio de Janeiro lhe dá expressiva votação. Nova ameaça e o Veta Dilma toma conta da cidade. Covardia Não. O povo se mobiliza. Passeatas, palanques, adesivos e slogans. Dilma, a heroína veta. Diz não a inconstitucionalidade. Diz não a quebra de contratos ao ultraje jurídico. Dilma é fiel ao Rio e à promessa de Lula. Dilma faz a parte que lhe cabe neste latifúndio. Lava as mãos tal qual Lula sujou as dele com o ouro negro da discórdia. O Rio vibra e Cabral segue em Paes sua travessia olímpica a passos largos que só um Pezão pode alcançar.
Vem à apreciação do Veto presidencial para o Congresso e revela-se que o Veta Dilma era uma ficção. O Veto de Dilma era um faz de conta. Faz de conta que eu veto e vocês derrubam.
A tribuna do Governo ficou vazia. Nem líder, nem PT, nem base aliada. A plataforma ficou vazia, virou um petroleiro fantasma, encalhado na desfaçatez de uma farsa. De duas uma: ou veto não era mesmo pra valer ou a Presidente perdeu toda sua sustentação parlamentar. Os vetos ao projeto não eram obra do Espírito Santo, do Rio ou SP. Eram vetos da Presidente da República. Fundamentados na Constituição Brasileira. Gesto e vontade da primeira mandatária e assim deveriam ser tratados. Um elefante no plenário que os aliados do Governo e o próprio governo resolveu ignorar. Subiam no elefante, brincavam com sua tromba mas negavam sua existência. Nunca antes na história desse parlamento uma mensagem do governo foi tão imoralmente ignorada como essa. O senador Renan Calheiros chegou ao cenário com a empáfia dos xerifes do velho oeste. Respaldado estava para agir com tamanha indelicadeza. Um dia antes, Dilma deixou claro que sua participação nessa novela havia terminado com o capítulo do veto. Dali por diante, cada um que prospectasse suas próprias jazidas.
O bom senso, equilíbrio e espírito republicano já haviam se ausentado do plenário e o que se enxergava era o caminho do caos, da discórdia. Um grito de guerra ufanista e fundamentalista dos pobres irmãos contra os perdulários Rio e Espírito Santo. Aí Renan nadou de braçada. Como é fácil dar razão à maioria. Como é fácil destruir a minoria.
Hoje, lá vamos nós, deputados e senadores, recorrer ao poder Judiciário já que no Legislativo não podemos mais nada.
O Regimento Interno foi destratado com a mesma sem cerimônia com que tratam a quebra de contrato dos Royalties. Direitos adquiridos são considerados direitos roubados.
Fica aqui a lição para todos nós, para a população e para os governadores, senadores e deputados. Mas principalmente para quem vive na política: é preciso ter muito cuidado com promessas de políticos. Principalmente promessas feitas em tempo de eleição. Muitas vezes é só um faz de conta.
Stepan Nercessian é deputado federal eleito pelo PPS do Rio de Janeiro
Fonte: Portal do PPS
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