Ata da reunião do Copom, porém, mostra ambiguidade sobre nova alta da taxa de juros
Gabriela Valente, João Sorima Neto
BRASÍLIA e SÃO PAULO - Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, o Banco Central alertou para a inflação disseminada que persiste em patamares altos e disse que esse pode não ser um "fenômeno temporário". Por isso, a política de juros tem de ser "administrada com cautela". Tanto nas previsões do BC quanto nas do mercado, a inflação está acima da meta de 4,5% neste ano e em 2014. Mas, na ata, os diretores do Copom também apontam vários fatores que favorecem um recuo da inflação. Os economistas consideraram a ata ambígua e já têm dúvidas sobre se os juros subirão no mês que vem.
"O Copom avalia que a maior dispersão recentemente observada de aumentos de preços ao consumidor, pressões sazonais e pressões localizadas no segmento de transportes, entre outros fatores, contribuem para que a inflação mostre resistência", afirma a ata. "Embora essa dinâmica desfavorável possa não representar um fenômeno temporário, mas uma eventual acomodação da inflação em patamar mais elevado, o Comitê pondera que incertezas remanescentes - de origem externa e interna - cercam o cenário prospectivo e recomendam que a política monetária deva ser administrada com cautela".
Na semana passada, o BC manteve, por unanimidade, a taxa básica de juros (Selic) em 7,25% ao ano. Mas deixou a porta aberta para uma alta em abril.
Na ata, o Copom ressaltou pontos positivos para a inflação, como a projeção de um recuo de aproximadamente 15% na tarifa residencial e energia. E a expectativa de aumento de preços administrados caiu de 3% para 2,7% este ano.
Juros futuros recuam
O economista Sergio Vale , da MB Associados, aposta que o Copom não subirá os juros no mês que vem.
- A ata ficou em cima do muro - afirmou. - Há uma ambiguidade na visão do banco que não havia no passado.
Para o economista-chefe da corretora Gradual, André Perfeito, o BC não cravou que elevará os juros:
- O conjunto da ata me pareceu mais para a estabilidade e acomodação da inflação. O BC pode ter apenas admitido que a inflação está num patamar mais alto para retomar a credibilidade com o mercado.
Os contratos de juros futuros recuaram após a divulgação da ata do Copom. Na BM&F, o contrato futuro de juros com vencimento em julho de 2013 recou de 7,28% para 7,18%. O DI para janeiro de 2014 foi de 7,96% para 7,84%, e o de janeiro de 2015, de 8,70% para 8,62%.
- A ata sinaliza que o governo não deverá subir o juro em abril - disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco WestLB, acrescentando que o governo quer esperar os efeitos da desoneração da cesta básica
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), fechou em queda de 0,18% aos 57.281 pontos. Já o dólar avançou 0,20% frente ao real, para R$ 1,975 na venda.
Fonte: O Globo
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