ENTREVISTA
Fausto Longo, eleito senador na Itália
Fernanda Sintas
Eleito senador para representar a América do Sul no Parlamento italiano, o brasileiro e descendente de italianos Fausto Longo (Partido Democrático) disse ao Estado que os líderes da Itália precisam entender o recado das urnas. O resultado eleitoral foi inconclusivo e criou um impasse na formação do governo. O recém-eleito senador pretende levar ao Parlamento italiano as demandas da América do Sul, mas também quer ajudar a "devolver credibilidade para as instituições" do país europeu. A seguir, trechos da entrevista:
• Qual será o seu primeiro passo no Parlamento italiano?
Sentar com as lideranças da coalizão de centro-esquerda. Este não é um mandato só meu, é um mandato do partido, então quero ouvir deles quais serão os comprometimentos. Precisamos tentar achar soluções para as demandas na América do Sul, das pessoas que nos elegerem.
• Como o senhor vê o impasse político após as eleições?
Gomo um dos 315 senadores eleitos, tenho a preocupação de devolver estabilidade, credibilidade para as instituições republicanas da Itália. O país atravessa um momento delicado e terei de me envolver na busca de soluções para resgatar a estabilidade econômica e política do país. Há um grupo da sociedade que votou em Bersani, outro no Berlusconi, outro no Beppe Grillo e um que votou no Monti. O equilíbrio foi tão grande que esse é o recado a ser entendido: os líderes desses partidos precisam sentar na mesma mesa e pensar na Itália e não cada um em si.
• E o voto antipolítico?
Os 25% das pessoas que deram esse voto de protesto não podem ser desconsiderados. Eles estão dizendo "reformulem a política". O papel do Grillo agora seria entender o voto que ele teve, sentar no Congresso e ajudar a construir a reforma pedida por aqueles que votaram nele. Por outro lado, temos uma questão mais grave: a não participação no processo eleitoral. Dos italianos que tinham direito de votar, 45% não compareceram. O não voto é mais grave do que o voto de protesto, pois demonstra a perda da credibilidade da sociedade no processo político.
• E como o senhor pode contribuir para melhorar a situação econômica na Itália?
Somos 80 milhões de ítalos-descendentes espalhados pelo mundo. Se todos pudessem visitar a Itália, por exemplo, o turismo, que é um dos principais produtos italianos, seria muito valorizado. É uma economia forte que você pode gerar.
Quem é
Fausto Longo, senador do Partido Democrático.
É arquiteto e mestre em planejamento e tecnologia habitacional pelo IFT do Estado de São Paulo. Responde pela Gerência de Ação Regional da Fiesp e é secretário do Partido Socialista da Itália no Brasil.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário