A Câmara escolheu para presidir sua Comissão de Direitos Humanos e Minorias o deputado e pastor Marco Feliciano, do PSC de São Paulo. Ele já deu declarações contra negros e homossexuais. Num culto gravado em vídeo, aparece reclamando de um fiel que entregou o cartão magnético do banco, mas não revelou a senha.
Feliciano é réu num processo no qual é acusado de estelionato. Também defende a castração química de estupradores e um curioso programa "Papai do Céu na Escola" no ensino fundamental.
Não vale a pena entrar no mérito dos conceitos filosóficos defendidos pelo deputado Feliciano. O que importa é entender a razão pela qual ele e outros políticos controversos estão conquistando cargos e notoriedade dentro do Poder Legislativo.
A deterioração da reputação do Congresso Nacional não é algo novo. Há décadas os políticos se investiram do papel de saco de pancadas do país. Esse fenômeno é como um desastre de avião. Tem várias causas.
Uma delas é quase insolúvel: a proliferação de partidos dentro do Congresso. Há, hoje, 24 siglas representadas ali dentro. Se Marina Silva tiver sucesso na montagem da sua Rede, serão 25. Há dez anos, eram 16 as legendas presentes no Legislativo.
Há uma demanda por cargos para os partidos nanicos como o PSC. Em 2003, com apenas um deputado, essa agremiação ficava sem direito a presidir comissões. Agora, com 15 deputados, a coisa muda de figura.
E qual comissão será entregue aos partidos menores? As que não mexem com assuntos, vamos dizer, concretos. Eis aí como Marco Feliciano acabou escolhido e comandará a Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Para a sociedade, o assunto é relevante. Na cabeça dos congressistas, é só uma sinecura na qual acomoda-se um partido pequeno.
Como o número de partidos está em crescimento, a chance de melhora é zero. Só vai piorar.
Fonte: Folha de S. Paulo
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