Fusão entre PPS e PMN pode viabilizar troca-troca de parlamentares e dar mais um aliado a Eduardo Campos
Paulo de Tarso Lyra
A fusão do PPS com o PMN, que será formalizada amanhã de manhã, abre a possibilidade de um novo apoio à pré-candidatura presidencial de Eduardo Campos (PSB). A simples reunião das duas legendas vai contar com uma bancada de 13 parlamentares, mas a expectativa é que esse número possa chegar a algo entre 20 e 30 deputados. Campos e o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), conversaram intensamente nos últimos meses. Freire não esconde a admiração pelo governador de Pernambuco. "Poderia dizer que hoje, majoritariamente, a nossa tendência seria apoiar Eduardo. Mas, evidentemente, precisamos ouvir os companheiros da nova legenda e esperar para saber se ele (Eduardo) será, de fato, candidato à Presidência", declarou Freire, ao Correio.
Outra dúvida em torno da criação do futuro partido é se parlamentares de outras agremiações poderão aderir à legenda sem perder os respectivos mandatos por descumprimento à lei da fidelidade partidária. "Nessas situações (fusões ou incorporações), a porteira só abre para fora, não abre para dentro", disse o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz. "Os insatisfeitos podem sair, mas quem quiser deixar a atual legenda para migrar para o novo partido poderá ter o seu mandato questionado na Justiça", completou. A preocupação de Queiroz é concreta: a estimativa é que 15 dos 48 deputados pessedistas possam mudar de partido.
Freire rebate essa interpretação. Para ele, nos casos em que há uma fusão partidária, um novo partido é criado. Por isso, valem as regras que norteiam a criação de uma agremiação política. "Não vou falar de adesões porque isso depende da consciência de cada um. Mas o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já definiram essa questão. A conclusão é a mesma, basta seguir a lei", assegurou Freire.
Pela legislação atual, quando uma legenda é criada, abre-se uma janela de 30 dias para a adesão de novos parlamentares, de acordo com as regras definidas pelo TSE. O Tribunal também entende que o processo de fusão cria um novo partido.
Do ponto de vista político, a movimentação do PSB de Eduardo Campos para ajudar o PPS a se fundir com o PMN foi intensa. Várias reuniões entre ele e Freire ocorreram nos últimos meses, não apenas para discutir a formação do novo partido como, também, para avaliar a viabilidade da candidatura presidencial do governador pernambucano. "Ele está se preparando para isso. E tudo fica mais fácil diante dos ataques ferozes feitos pelos lulopetistas nas redes sociais. Eles foram liberados para atacar Eduardo com firmeza", criticou Freire.
Os socialistas reconhecem que veem com bons olhos movimentações como essa, que levou à fusão do PPS com o PMN. "Quando dois partidos se unem para criar um terceiro, eles ganham consistência e força política, o que, na nossa opinião, é bom", confirmou o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira. Ele lembrou que o partido de Eduardo Campos auxiliou na criação do PSD, a partir da movimentação de prefeitos e governadores ligados ao partido. E ainda tem ajudado na formação de estruturas físicas capazes de coletar as assinaturas para a formação da Rede Sustentabilidade, nova agremiação partidária que será presidida por Marina Silva.
Segundo apurou o Correio, do novo partido que surgirá da união PPS-PMN pode sair a indicação do candidato a vice-presidente na chapa de Eduardo Campos. O governador, no entanto, mantém a conversa com outros partidos para ampliar sua base de apoio político. Hoje, ele tem dois compromissos na capital federal. Almoça com o senador Armando Monteiro (PTB-PE), um dos entusiastas da candidatura presidencial do PSB — em troca de um possível apoio para concorrer ao governo de Pernambuco no ano que vem.
À noite, o presidenciável pernambucano janta com dissidentes do PMDB, em um encontro promovido pelo senador Jarbas Vasconcelos (PE). Jarbas já tinha oferecido o tradicional cozido ao governador pernambucano no mês passado. Campos também aproveitou a participação em um comissão do Senado, em março, para visitar o senador Pedro Simon (PMDB-RS). "Esse rapaz tem muito potencial", elogiou o veterano parlamentar gaúcho.
"Os insatisfeitos podem sair, mas quem quiser deixar a atual legenda para migrar para o novo partido poderá ter o seu mandato questionado na Justiça" (Saulo Queiroz, secretário-geral do PSD)
Fonte: Correio Braziliense
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