quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Para os socialistas, Lula mudou o tom

2014. Avaliação de integrantes do PSB nacional é de que o ex-presidente, agora, aposta em um segundo candidato no campo governista, para que tenha mais chances de vitória

BRASÍLIA - O afago público do ex-presidente Lula ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), durante sua passagem por Brasília, anteontem, foi interpretado pelos aliados do socialista como uma demonstração de que o petista não confia, como antes, na reeleição da presidente Dilma Rousseff, e procura uma terceira via para manter o PT no poder.

Lula elogiou Campos e a PSB, reconheceu o direito do socialista de disputar a Presidência e o convidou publicamente para um encontro, quando faria uma última tentativa de fazê-lo apoiar a reeleição de Dilma. "Eduardo Campos não me deve nenhum favor. Sou companheiro do Eduardo Campos, tenho certeza que ele é meu companheiro. Se o Eduardo Campos quiser ser candidato, vai ter meu respeito, mas gostaria de conversar com ele", disse Lula.

No entorno de Eduardo Campos, a avaliação é que Lula demonstrou um recuo em relação à candidatura do pernambucano e suas próprias posições, após as manifestações das ruas. Dizem que, enquanto Lula tinha como certa a vitória de Dilma no primeiro turno, era contrário à candidatura do PSB. E agora adota uma posição ponderada, de aposta em um segundo candidato no seu campo, para que possa ter duas chances. Se Dilma perder, restaria Campos como terceira via.

"De fato, eu notei uma mudança no tom da fala de Lula. Podem sair dois coelhos dessa cartola", confirmou o deputado Márcio França (SP), integrante da Executiva Nacional do PSB. "O diálogo (com Lula) é bom. Mas nosso projeto de candidatura própria está na frente", frisou o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS).

O secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, foi mais enfático em descartar que Campos possa ser candidato com apoio de Lula e do PT: "Não acredito nessa hipótese e penso que é necessário mudar nomes e rumos. O ex-presidente Lula tem todo o direito de querer atrair Eduardo Campos para o palanque de sua candidata. Mas não será por isso que o PSB abrirá mão do seu projeto de poder. Afinal de contas, é da essência da democracia a rotatividade de poder, coisa que o PT e seus líderes parecem ter dificuldades de entender, mas a população, certamente, entenderá", disse Siqueira.

Os socialistas creem que os 8% de Campos nas pesquisas de intenção de votos assusta o PT e o Planalto.

"O PSB ganhou todos os confrontos com o PT nas eleições de capitais, em Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Porto Velho, além de Campinas. O ex-presidente Lula conhece Eduardo Campos o suficiente para saber que ele tem autonomia política e vai decidir levando em conta os interesses do país e do partido", disse o líder do PSB no Senado, senador Rodrigo Rollemberg (DF).

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

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