O país dos bacharéis, críticos, especialistas e outros faladores.
É só acompanhar os noticiários, os programas de debates nas TVs, até mesmo os de entretenimento e ver a profusão de "especialistas" a discorrer generalidades sobre quaisquer assuntos, desde os vaticanólogos que trataram da visita do papa passando pelos "consultores do mercado" a falarem sobre inflação, juros e "grau de confiança" dos investidores e chegando aos previsores abalizados de capítulos de novelas.
Um dos tipos que mais me causam perplexidade são os "especialistas" em segurança pública que surgem às pencas quando da ocorrência de crimes violentos, como esse agora do assassinato do casal de policiais da Rota e seus familiares em São Paulo.
Ao lado dos "especialistas" vemos também a proliferação dos "críticos" que utilizam uma linguagem supostamente acadêmica, vestem uma grife universitária qualquer, recitam seqüências de termos sofisticados, citam autores de renome e exibem um ar de superioridade incontestável. Lembram o engraçado aplicativo da internet, o Fabuloso Gerador de Lero-lero.
Outra categoria entronizada nos debates é o tipo "bacharel" aquele que sempre traz um "viés" (eta palavrinha mágica) jurídico-constitucional para abordar o problema, cada um deles tem a sua própria interpretação - a correta , é óbvio - dos textos, sejam leis, decretos, convenções internacionais, contratos, etc etc etc. Tem uns que até parecem saber ler as mentes dos ministros do STF e saber o voto deles antecipadamente.
Agora estão surgindo novos tipos brasileiros verborrágicos: o líder convocador de manifestação pelas redes sociais e o participante ultra-engajado em conferências de políticas públicas, que entende tudo de regimento e eleição de delegados para "conferências superiores" e quase nada da política pública em discussão.
Podem e devem discordar de mim, mas poderemos resolver isso em fóruns participativos, formulando novos paradigmas consensuados e pactuados para a construção coletiva de novas políticas públicas, sob o primado da ética e do interesse dos trabalhadores. Bonito, né? Quem discorda?
Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, dirigente do Partido Popular Socialista (PPS) de Taubaté e do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@gmail.com
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