Ao governador, Humberto cobra reconhecimento
Petista diz que Pernambuco recebe tratamento especial da União e lista obras federais. Para ele, governo do Estado não reconhece
Débora Duque
Deflagrada após o governador Eduardo Campos ter indicado a possibilidade de sair candidato à Presidência da República, em 2014, a tensão entre PT e PSB ganhou um novo episódio, ontem, durante o anúncio do "Plano Safra" para o semiárido nordestino, no Centro de Convenções. Com as digitais do governo federal, o programa visa conceder auxílio aos agricultores da região e serviu de mote para que o senador Humberto Costa (PT) cobrasse do governador Eduardo Campos (PSB) o "reconhecimento" dos investimentos direcionados pela presidente Dilma Rousseff (PT) ao Estado.
À uma plateia formada por prefeitos de municípios pernambucanos e auxiliares do governador, Humberto afirmou que Pernambuco recebe "tratamento especial" do governo federal e listou, como exemplo, a execução de obras como a ferrovia Transnordestina e a Transposição do São Francisco, além de outras ações federais. "Tenho certeza que foi por isso que Pernambuco votou maciçamente na presidente Dilma. Porque sabia que daria continuidade à atenção que o ex-presidente Lula (PT) sempre teve a essa parceria e a prioridade de investimentos no Nordeste e mais, especialmente, no nosso Estado", provocou o petista.
O tom do discurso, já repetido por petistas em outras ocasiões, é uma tentativa de frisar que o desempenho da gestão Eduardo depende diretamente da aliança política mantida com o PT. Segundo Humberto, as "parcerias" com o governo federal foram "fundamentais" para o crescimento do Estado nos últimos anos. "Queria fazer esse registro porque no momento de dificuldade que vive o País, não podemos deixar de reconhecer. É exatamente no momento mais difícil é que é preciso reconhecer aquilo que foi feito para que Pernambuco cresça e avance", reforçou.
Ao discursar logo em seguida, Eduardo Campos procurou retrucar as cobranças ouvidas do aliado. Começou dizendo que o plano safra para o semiárido foi resultado de sugestões de vários governadores, inclusive, dele próprio, e não uma criação do governo federal. "Fica aqui o registro do nosso diálogo federativo", disse. Também ressaltou que as políticas do governo federal voltadas para a agricultura familiar incorporaram iniciativas tomadas por seu avô, o ex-governador Miguel Arraes (PSB). "Ainda é preciso romper um século de exclusão política e isso não se faz por decreto", rebateu, referindo-se à desvantagem econômica do Nordeste em relação ao Sul/Sudeste do País.
Questionado sobre o clima de hostilidade durante o evento, Eduardo negou desconforto com as cobranças de Humberto. "Não. Absolutamente, não percebi isso", rechaçou.
Fonte: Jornal do Commercio (PE
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