Victor Vieira
Apesar da queda de participantes em relação a anos anteriores, organizadores do Grito dos Excluídos, marcha tradicionalmente organizada peia Igreja e por movimentos sociais no Dia da Independência, não acreditam no enfraquecimento dos protestos nem em perda de protagonismo para os Black Blocs.
"Não é culpa do movimento. A questão é que os confrontos entre policiais e manifestantes chamam mais a atenção do que as demandas sociais dos grupos que protestam", afirma Ari Alberti, membro da coordenação nacional do Grito dos Excluídos. Alberti, que é da Pastoral dos Migrantes de São Paulo, considera as reivindicações dos movimentos anarquistas corno legítimas, mas afirma que é contrário aos métodos mais agressivos, que envolvem atos de vandalismo contra símbolos do sistema capitalista. "Nossos atos costumam ser pacíficos", diz.
Para João Zafalão, integrante da direção da Central Sindical e Popular, a violência afasta as pessoas das ruas, mas os eixos de reivindicação são próximos entre os grupos. "A luta é pela melhoria dos serviços públicos e no combate à corrupção", avalia Zafalão, que também organizou o Grito em São Paulo.
Com o tema juventude, a 19a edição do Grito dos Excluídos não conseguiu pegar carona nas mobilizações de junho e julho. Em São Paulo, duas marchas do movimento reuniram cerca de 1.500 pessoas, segundo a PM. "Pensamos que o número chegaria a quatro, cinco mil participantes", reconheceu Paulo Pedrini, integrante da Pastoral Operária e da coordenação da passeata em São Paulo.
Holofotes. Segundo o cientista político da Unesp Marco Aurélio Nogueira, é natural que movimentos Black Blocs, que adotam táticas de destruição de símbolos do capital, como bancos, sejam mais lembrados durante os protestos. "Embora tenham uma pauta de reivindicações mais difusa, a tática de vandalismo desses grupos é espetacularizada e aparece na mídia", afirma Nogueira.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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